Análise – Dead Island 2

É estranho estar a escrever uma análise para este título sendo que não há muito tempo atrás eu estava convencido que o jogo nunca iria sair. Contudo, depois de 9 anos e 4 estúdios desde o anúncio do jogo, Dead Island 2 é finalmente lançado para as consolas e PC. É tão mau como outros casos que estiveram em “development hell”, como o Duke Nukem Forever? Nem pensar. Mas com certeza que o jogo esteve mais nas bocas do povo durante o seu desenvolvimento, do que estará após o lançamento. Spoiler Alert: O legado que Dead Island 2 deixará para trás será apenas o seu desenvolvimento tumultuoso.

Dead Island 2 foi desenvolvido pela Dambuster Studios e lançado para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series S/X e PC. Segue um agradecimento especial à Ecoplay por ceder um código que possibilitou esta análise.

Dead Island 2 começa por nos introduzir as personagens jogáveis. Depois da cutscene inicial podem escolher o protagonista que usam durante o jogo – têm todos stats diferentes, sendo que alguns têm mais durabilidade, outros mais força, mais agilidade, etc, etc. Eu escolhi a Dani simplesmente porque me parecia a mais “porreira” da lista. Não joguei com o resto dos protagonistas, mas se são todos tão “engraçados” como a Dani (notem que uso “engraçado” duma forma sarcástica aqui), então mais valia terem-se poupado ao trabalho e feito protagonistas silenciosos. Embora a Dani tente, tente mesmo muito, ser engraçada com as suas piadas e one-liners, não acerta uma. Não diria que este jogo é tão mau como, por exemplo, o Far Cry 5 ou o Rage 2 onde ninguém se cala e te deixa jogar em paz, mas não deixa de ser forçado.

A narrativa geral de Dead Island 2 segue um caminho forçado, aborrecido e ultimamente esquecível. Não obstante, não posso dizer que esperava outra coisa, já que serve apenas como um aperitivo para a jogabilidade.

Posso resumir o gameplay loop do Dead Island 2 muito facilmente: andam à paulada a Zombies até os Zombies morrerem. Pode parecer que estou a fazer um desserviço ao jogo, mas a verdade é que após passar a novidade inicial de lutarem contra mortos-vivos com espadas ou martelos, a monotonia começa a assentar. Há uma boa variedade de armas, desde facas pequenas, mas rápidas, a martelos gigantes que rebentam a cabeça de qualquer zombie que acertem (e depois de 6 – SEIS – horas finalmente têm acesso a armas de fogo que aumentam esta mesma variedade). As armas são personalizáveis, com algumas perks que afetam os seus stats, e mudam o tipo de dano. A nossa própria personagem tem acesso a habilidades especiais, como pontapés voadores e dropkicks. Contudo, não é suficiente para oferecer a frescura que o jogo precisa depois de meia dúzia de horas. O jogo depende muito da sua repetitividade e não há melhor exemplo disto que os bosses que utiliza. Dead Island 2 faz algo que eu tendo a desgostar bastante: reintroduzir bosses como inimigos normais. Logo após enfrentarem um boss ele aparecerá pelo mapa como um inimigo normal, e isto é regra para todos os bosses do jogo, sendo que o próprio boss final é só um repetido dum boss anterior.

A Dambuster Studios tem aqui algumas boas ideias que lembram elementos de immersive sims, mas infelizmente acabam por não ser aprofundadas. Coisas como atirar um bidão de água para cima dum fio de eletricidade desprotegido para electrocutar os zombies naquela zona. Ou disparar num cano de água para apagar as chamas que bloqueiam o nosso caminho para mais loot. Tal e qual ao que disse sobre o gameplay loop, a novidade passa depressa e a exploração (cuja recompensa costuma ser uma arma com um número maior que a que têm agora, se tiverem sorte) simplesmente não é tão envolvente como gostaria.

Em termos de conteúdo, têm uma boa quantidade de missões principais e secundárias. As principais seguem o enredo e vão apresentado algumas mecânicas chave do jogo, enquanto as secundárias nos apresentam algumas personagens loucas de Hell-A (Los Angeles, a localidade do jogo), e dão-nos a oportunidade de apanhar melhor loot. São todas muito formulaicas, sendo que nos pedem para ir a algum lado, matar zombies, apanhar um objeto ou arma e devolvê-lo ao destinatário. Se a estagnação das missões principais vos cansou, não procurem frescura no conteúdo opcional.

Visualmente, Hell-A parece-me ser uma interpretação pós-apocalíptica bastante fiel à cidade real. Têm os altos montes de Hollywood com as mansões incríveis com um número infinito de piscinas a supervisionar a cidade e praias repletas de mortos-vivos em fatos de banho com uma roda-gigante ao fundo do cais. Há uma apresentação colorida que contrasta com o ambiente negro a funcionar bastante bem e a encaixar perfeitamente no tom negro e cómico do jogo. A direcção artística é impressionante? Não diria isso, mas funciona muito bem com o que está a fazer. Digo o mesmo para a banda sonora, onde temos músicas bombásticas de rock, punk, metal que se misturam facilmente com o estilo e género narrativos de Dead Island 2. Devo também apontar que joguei na PlayStation 5, e não tenho queixas nenhumas no que toca a performance, corre a 60fps perfeitos.

Posto isto, o melhor que posso dizer sobre o Dead Island 2 é: “É um jogo de zombies que saiu em 2023”. Não o consigo recomendar. É um título repetitivo, genérico e que se acha mais engraçado do que realmente é. Depois de 15 horas de jogo, senti-me aliviado por finalmente ter acabado. Uma classificação medíocre de 5 em 10 para um jogo medíocre é mais do que adequado na minha opinião.

Dead Island 2 no OpenCritic

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