Como classificam a série Yakuza, do pior ao melhor?

Poucas séries de jogos conseguem estar a contar-nos uma história de traição, sacrifício e princípios num momento, e no outro estar a mostrar um gangster reformado de 40 anos a dar porrada a meia-dúzia de homens vestidos apenas com uma fralda. A saga Yakuza é especial: no meio de uma cidade repleta de mini-jogos e rufias à procura de uma luta, encontramos histórias memoráveis, seja pela natureza bizarra das side stories ou pelo enredo excessivamente complexo e envolvente, há sempre algo nas obras da Ryu ga Gotoku Studio que nos apaixona e agarrou mais de 17 milhões de vendas desde a sua criação em 2005.

Eu lembro-me do meu primeiro contacto com Yakuza ter sido numa demo do primeiro jogo na PlayStation 2, mas confesso que para além disso, a série não me agarrou até ter comprado o Yakuza 0 na PlayStation 4. Nos passados anos tenho jogado cada entrada na série principal (e a nova série spinoff Judgment) até ao mais recente Lost Judgment neste ano passado, ao qual escrevi uma análise. Portanto, tal como fiz com o Uncharted, Gears of War ou Jak and Daxter, deixo a minha classificação pessoal dos jogos do pior ao melhor. Vou contar apenas a série principal de Yakuza e os spin-offs Judgment (deixando de lado spin-offs como o Dead Souls e jogos exclusivos ao Japão). Fico à espera das listas de outros fãs que leiam este artigo, seja aqui, ou nas redes sociais:

Yakuza 3

O Yakuza 3 foi a primeira entrada da série na sétima geração de consolas e isso é uma das razões porque está no fundo da minha lista. O combate envelheceu, e isso reflete-se na alcunha que os fãs deram ao jogo: “Blockuza 3“, visto que passamos a maior parte do tempo a tentar quebrar o block dos inimigos. Mesmo que descartemos o combate, o início do jogo é extremamente lento. Devo ter passado umas 4 ou 5 horas iniciais no jogo a não fazer nada porque era importante para os escritores estabelecerem a ligação do Kiryu ao seu orfanato. O que faz todo sentido, é um aspecto importante para a evolução do personagem a partir desta entrada. Contudo, a execução deixou-me muito a desejar, e sinto que fiquei apenas com episódios filler de um “ex-criminoso” a lidar com crianças da forma mais aborrecida possível. Dito isto, quando o jogo arranca, arranca, e há momentos e personagens memoráveis no enredo do Yakuza 3 que o protegem de ser um jogo ignorado.


Yakuza 6: The Song of Life

Enquanto o Yakuza 3 foi o mais fácil de classificar, o 6 foi o mais difícil. Atenção que a diferença de qualidade do Yakuza 3 para o 6 é clara. O The Song of Life foi o primeiro Yakuza no Dragon Engine e gaba visuais fantásticos, tanto nas ruas de Kamurocho como nas expressões faciais dos personagens. Mas certas mudanças não ressoaram comigo, a maior sendo o combate, que pareceu sacrificar um pouco do aspecto “arcadey” dos seus antecessores para criar um sistema mais vistoso, mas mais linear. Adicionando a isto um enredo que revolve na gravidez duvidosa duma personagem feminina (pessoalmente, o facto da personagem poder ter sido menor de idade quando engravidou cai-me mal) e acaba por desfazer alguns dos desenvolvimentos do jogo anterior, equivale a um jogo que embora tenha uma conclusão emocional ao adorado protagonista, é manchado por estes aspetos.


Yakuza 4

Razão principal para gostar do Yakuza 4: Introduz e estabelece duas novas personagens (e o Tanimura) jogáveis que não só se tornam recorrentes para o resto da série, como acabam por se tornar duas das minhas personagens favoritas. Há um argumento (válido) a fazer-se que o enredo do Yakuza 4 é uma “salganhada” desconcentrada até ao final montado a fita cola. Ainda assim, não deixa de ser uma “salganhada” divertida, ao contrário do jogo anterior, que nos oferece momentos icónicos dentro da saga e tira tempo de antena ao Kiryu para explorar e dar alguma profundidade extra a outras personagens ligadas ao protagonista. Ainda um pouco em baixo da lista por partilhar os problemas de idade do Yakuza 3, mas com um sabor doce no paladar pela introdução do Akiyama e do Saejima.


Yakuza 5

O último da trilogia da PS3. O Yakuza 5 tem tanta coisa boa da saga que podia estar no “topo” da lista se não fosse por um pecado que arrasou a minha experiência: “Porra, mas isto nunca mais acaba?!” era o que me passava pela cabeça enquanto jogava a campanha principal e esta introduzia-me capítulo novo após capítulo novo, plot point novo atrás de plot point novo. Podia dizer que é um problema da longevidade do jogo em si, mas não, este é um daqueles casos clássicos de jogos japoneses que gostam de “engonhar” a história o máximo possível a sacrifício da sua qualidade para ganhar quantidade. Dito isto, o Yakuza 5 tem dos melhores mini-jogos de toda a série, o Akiyama e o Saejima voltam como personagens jogáveis e em termos de gameplay e combate, aproxima-se muito mais do Yakuza 0 que do Yakuza 3 ou 4, o que é excelente. Até o “idol simulator” da Haruka é divertido de se jogar.


Yakuza: Like a Dragon

“A nova geração” de Yakuza estreou-se com um estrondo. Like a Dragon toma um rumo completamente diferente e torna-se um JRPG com combate por turnos tradicional, o que provocou sentimentos mistos em mim. O combate por turnos era divertido ao início, e adoro as animações dos ataques especiais e poderes utilizar uma party para combater. Mas, nos últimos capítulos do jogo, não só começa a ter saltos de dificuldade que me obrigaram a perder tempo em grind, como o combate perde toda a dinâmica que tinha e resume-se a utilizar o mesmo ataque com uma personagem enquanto as outras servem apenas para encher espaço, deixando de ser um jogo de habilidade para passar a ser um teste de paciência. Dito isto, Ichiban, o novo protagonista, é adorável. Os mini-jogos são excelentes. E a narrativa tem momentos que me fizeram saltar da cadeira.


Judgment

Desviando-se dos protagonistas criminosos, Judgment introduz-nos a Yagami, um advogado e detective privado que é obrigado a enfrentar demónios pessoais depois de tropeçar num caso familiar. Judgment mantém a essência de Yakuza com uma nova cobertura. Toma o Yakuza 6 e Yakuza 0 como lições para o gameplay e combate, conseguindo balançar o estilo “arcadey” que mencionei em cima (incluindo várias formas de combate à la Yakuza 0) e o estilo mais vistoso do Dragon Engine. Contudo, comete outros erros: como jogo de investigação, é demasiado superficial nas suas mecânicas (ou simplesmente chato com a quantidade de “tailing missions” que contém), e falha numa das coisas mais importantes da série – não tem karaoke.


Lost Judgment

Lost Judgment é uma sequela natural do primeiro spin-off, logo, é de esperar que melhore vários aspectos do jogo. É o que acontece, o combate tem mais estilos para utilizar, a possibilidade para combos e “juggle combos” é incrível e há mais heat actions que nunca. Gostei do rumo mais pessoal da narrativa (como referi na minha análise), apesar de se ter perdido um pouco a meio. E há imensos mini-jogos divertidos (incluindo uma arcade com Sonic the Fighters). Contudo, ainda não há karaoke.


Yakuza Kiwami 2

O remake do segundo jogo aproveitou o novo motor de jogo e o gameplay do Yakuza 6 para recontar a história da rivalidade entre o “Dragon of Dojima” e o “Dragon of Kansai”. Kiwami 2 melhora ligeiramente o gameplay do Yakuza 6 mas não é a razão para estar tão acima dele na classificação. Eu gostei do enredo absurdo do Kiwami 2, gostei e tenho boas memórias dos vários momentos durante o jogo, desde o primeiro encontro do Kiryu e Ryuji, ao final completamente ridículo com uma das melhores batalhas finais na série. E mesmo depois de acabar o jogo, têm uma pequena “prenda” na forma duma campanha extra focada no Majima.


Yakuza Kiwami

Provavelmente não estaria em segundo lugar se não fosse pelo meu Yakuza favorito. O Kiwami pega no gameplay do Yakuza 0 e conta a história original de Kiryu, como ele se sacrificou pelo seu melhor amigo e voltou 10 anos depois para se sentir traído e completamente perdido em Kamurocho. A velhice do jogo original nota-se no remake, tanto pelas animações de cutscenes como pela confusão de narrativa que ocorre do início ao fim. Não obstante, o charme nasceu aqui e está todo aqui. Levando a um final com, talvez a minha batalha favorita de toda a série, concluindo uma relação entre o protagonista e o Nishiki, que a prequela torna ainda mais agridoce.


Yakuza 0

A minha primeira experiência completa com a série também foi a minha favorita. O combate tem tantas opções pelos estilos diferentes que podem utilizar e trocar usando o d-pad, com imensas heat actions e armas, as boss fights e a banda sonora que as acompanha. O setting no Japão de 1988 durante a era da bolha económica e financeira que é aproveitada para um nos mini-jogos e side stories mais viciantes da série, a compra e venda de imobiliários em Kamurocho. Juntem a isto a campanha com o Kiryu e o Majima jogáveis, uma coletânea de alguns dos melhores mini-jogos e side stories da saga, uma quantidade absurda de conteúdo, e temos o que é uma celebração de tudo o que torna Yakuza adorado.


Não se esqueçam. Quer concordem com esta lista ou não, deixem a vossa opinião pessoal em baixo, ou nas redes sociais!

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