Análise: Blasphemous

Uma maldição caiu sobre a região de Cvstodia e os seus habitantes, conhecida como ‘O Milagre’.

Blasphemous é um Metroidvania desenvolvido pelo estúdio espanhol The Game Kitchen e publicado pela Team17, à qual agradecemos por fornecer um código para esta review. O jogo tem uma forte inspiração na cultura espanhola, nomeadamente, folclore e cristianismo. Os criadores salientam a pintura a óleo de Francisco de Goya, ‘Procesión de disciplinantes‘ como integral ao processo criativo.

Resultado de imagem para blasphemous
The Penitent One é o protagonista de Blasphemous

A arte de Blasphemous é logo dos primeiros aspectos a saltar à vista quando começam o jogo. As animações e designs grotescos das zonas, inimigos e bosses solidificam perfeitamente a brutalidade e o setting sombrio do jogo, desde o momento que entram em Cvstodia e deparam-se com toda a miséria e implacabilidade deste mundo que apercebem-se do desafio que o Penitent One tem pela frente… sangue, desmembramentos e outras formas criativas de violência são o “pão nosso de cada dia” em Cvstodia. Gostei imenso da aproximação 16-bits super detalhada na arte de Blasphemous e as pequenas cutscenes animadas durante o jogo são um bom toque que nos dá uma perspectiva mais ampla à aparência do jogo.

Aliada à arte, o som também fortalece a ambiência do jogo, os efeitos sonoros, por exemplo, o metal da espada rasgar a pele dos inimigos com toda a força do Penitent One, junto com as animações oferecem impacto ao combate, tornando o mesmo bastante satisfatório. A soundtrack de Carlos Viola adapta-se muito bem ao mundo, já o voice acting não é memorável, apenas “suficiente”.

Como Metroidvania, Blasphemous conta com um mapa intercalado e ramificado onde o jogador progride e desbloqueia novos caminhos com certas habilidades ou itens. A execução disto no Blasphemous não é muito diferente de todos os outros jogos exemplares no género, graças ao mapa bem desenhado, a sua transversalidade dá a Cvstodia liberdade suficiente para o jogador explorar os seus cantos sem se sentir sobrecarregado ou perdido com a quantidade de caminhos diferentes a tomar, algo que pode acontecer com mais facilidade em, por exemplo, Hollow Knight. Não obstante, Blasphemous oferece poucas opções de movimento e as habilidades desbloqueadas são mais focadas no combate, o que torna o seu platforming já apertado mais frustrante. Para além de requerer precisão, cair num precipício ou em picos acaba na morte instantânea do jogador, obrigando-o a regressar ao último rest point. Isto não seria problema se o jogo diminuísse a margem para erro com a adição de “Coyote Time” – uma mecânica de game design em platformers, onde o personagem pode efectuar um salto nos primeiros milésimos de segundo depois de cair da plataforma – ou adicionando mais habilidades de movimento.

Como disse anteriormente, o combate de Blasphemous é bastante satisfatório graças ao seu peso, podem atacar com a espada, usar habilidades mágicas, defender ou desviar. Existe uma boa variedade de inimigos com fraquezas diferentes, alguns frustrantes. Mas o jogo brilha nas boss fights. Para além dos excelentes designs de cada um, conseguem ser desafiantes sem se tornar esgotante (na maior parte das vezes), descobrir os seus padrões e a melhor maneira de os derrotar foi-me bastante divertido, especialmente quando me obrigavam a usar ambos dodge e parry, mantendo-me sempre nas pontas dos pés, não me importava nada que houvessem mais.

Podem também equipar outros itens que encontram no mapa, oferecendo ao Penitent One poderes e buffs diferentes para variarem e aperfeiçoarem o vosso estilo de jogo.

Nenhuma descrição de foto disponível.

No que toca à narrativa, não é memorável por si só, mas o lore e mundo de Cvstodia é extremamente interessante, dando-me vontade para explorar e ler o que encontrava por lá espalhado, sobre o seu passado, as suas lendas macabras e personagens taciturnas, e até ajudando algumas a aliviar a sua penitência. Não tive tempo para desbloquear todos os seus segredos, mas com cerca de 13 horas completei quase 80% do jogo, planeio voltar para completar o resto assim que possível.

Esta análise foi feita com base na versão para a Nintendo Switch, em termos de performance não tive quaisquer problemas, e só tive um bug onde fiquei preso e tive de recomeçar no último rest point.


Blasphemous é um Metroidvania implacável com combate satisfatório, embora o seu platforming seja algo fraco, as boss fights são muito divertidas e a arte é incrível, estabelecendo um setting interessantíssimo, pelo preço de 24,99€ aconselho a compra, especialmente aos fãs do género, e atribuo uma pontuação de 8 em 10. Blasphemous está disponível na Steam, PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch.

Blasphemous no OpenCritic

One thought on “Análise: Blasphemous

Leave a comment