14 Metroidvanias para carteiras leves

O preço do Metroid Dread para a Nintendo Switch é um ponto de discussão controverso por volta da internet desde o seu lançamento. Muitos argumentos foram atirados ao ar sobre um Metroidvania com a duração de 6 a 10 horas que não justificava os 60€ a que está a ser vendido, e foram apontados muitos títulos dentro do género para sustentar esse ponto. Pelo outro lado da discussão, argumentava-se que a qualidade do novo jogo da Nintendo alcançava bem o valor dos 60€ e que outros Metroidvanias deviam subir o seu preço base.

Mas esta não é a questão que quero debater neste artigo, ainda nem joguei o Dread por isso não consigo sequer dizer se o jogo vale um preço alto ou baixo para mim. O parágrafo acima serve apenas para contextualizar a causa desta lista. Visto que 60€ ainda é uma boa quantia de dinheiro em Portugal, é normal muita gente não ter acesso ao novo Metroid. Contudo, se querem aliviar essa “comichão” por um Metroidvania, eis alguns Indies que jogámos pessoalmente e merecem a vossa atenção:

Carrion

Carrion é um jogo de terror onde nós somos o caçador. Nele controlamos um monstro cheio de tentáculos enquanto tentam escapar dum laboratório onde estamos presos. Pelo laboratório iremos encontrar novas habilidades para caçar humanos e deslocar-nos, tornando o monstro cada vez mais poderoso e imparável. Poucos jogos conseguem replicar a sensação de controlar uma força imparável como o Carrion faz cada vez que encontram humanos à vossa frente e começam a pintar as paredes do laboratório de vermelho enquanto os lançam pelos ares e devoram os seus cadáveres para ficarem ainda maiores. Se querem uma “villain power fantasy“, este jogo está no topo da lista.


Ori and the Blind Forest e Ori and the Will of the Wisps

Ori é daqueles jogos que fica gravado na memória. A direção artística fenomenal, a narrativa emocionante e o gameplay fluído misturam-se num Metroidvania que sabe tão bem explorar. Ori and the Blind Forest é um início forte, embora seja um pouco privado da excelência pelos problemas de gameplay – nomeadamente, o combate mais aborrecido e secções de fuga frustrantes – Ori and the Will of the Wisps supera o seu predecessor em todos os aspetos, sobretudo nos problemas anteriormente mencionados, onde o combate partilha o palco central com o movimento e exploração, mantendo a fluidez do anterior e contando com uma banda sonora encantadora. Em maio de 2020, escrevi uma análise ao jogo e descrevi a fundo porque é um dos meus jogos favoritos de sempre.


Dandara

Do estúdio Brasileiro Long Hat House, Dandara adiciona o seu toque único com o movimento da personagem. Para se moverem pelo mapa, têm de saltar entre paredes e superfícies como se estivessem rapidamente a alterar a gravidade. O trabalho realizado na pixel art e animações é de louvar por parte da equipa de duas pessoas, e o jogo consegue ser um autêntico bullet hell frenético nas últimas fases da jornada. Por fim, o jogo conta com um worldbuilding interessantíssimo e teve um update gratuito que trouxe mais conteúdo.


Blasphemous

A mitologia e folclore espanhol presente no Blasphemous é tão cativante que adorava que fosse explorada por mais estúdios. Não obstante, o jogo da The Game Kitchen é tão implacável como a sua arte é sangrenta. Se estão à procura de algo que é desafiante do início ao fim, com bosses impiedosos (e um platforming com pouca margem para erro), Blasphemous cumpre todas essas metas. Este jogo também foi coberto com uma análise por mim, em 2019.


Hollow Knight

Apaixonei-me pelo Hollow Knight assim que dei os meus primeiros passos em Hallownest. Cada canto deste mundo emana um charme ímpar, repleto de personagens com histórias únicas, segredos para descobrir e bosses trágicos para enfrentar, Hollow Knight é como nenhum outro Metroidvania. O seu preço é mesmo um “roubo” porque a quantidade de horas que irão dedicar ao jogo da Team Cherry pode muito facilmente alcançar cinco dezenas graças aos seus DLCs gratuitos. Se precisarem de mais provas em como Hollow Knight é excelente, podem ler a nossa review.


E porque segundas e terceiras opiniões também importam, ficam aqui recomendações dos meus colegas do Fun Factor:

Diogo Arez

Guacamelee! e Guacamelee! 2

Guacamelee! e a sua sequela contam a história de Juan, um “Luchador” que passa por inúmeras peripécias neste jogo que adiciona à típica fórmula de Metroidvania um humor característico, elevando o seu estatuto no género com uma escrita capaz de tirar um sorriso a qualquer um, conjugada com um combate muito apelativo e mais trabalhado que certos jogos no género, e um mundo vibrante recheado de locais por explorar e referências a inúmeros jogos por encontrar.


Strider

Servindo de reboot ao clássico de 1989 da Capcom, Strider reinventa-se com uma progressão e estrutura típica de Metroidvania, algo que correu bastante bem, a progressão é satisfatória e o combate é divertido o suficiente para agarrar o jogador em momentos mais focados na ação, apesar do seu pequeno orçamento comparado com outros projetos da Capcom, Strider é sem dúvida algo competente e especialmente agora que está constantemente em promoção.


Francisco Eurico Leite

Axiom Verge e Axiom Verge 2

Jogos bem diferentes entre si, apesar de fazerem parte da mesma série: o Axiom Verge é um jogo mais focado na acção, com várias armas diferentes para escolher e, obviamente, diferentes estratégias para lidar com os inimigos. Já a sua sequela ignora mais este lado dos metroidvanias e foca-se principalmente na exploração. O que mais os une é o óptimo lore e a banda sonora fenomenal que se infiltra pelas nossas orelhas e se nega a sair!


Sundered

Meio Lovecraftiano e meio high-tech, o Sundered tem lugar numa civilização que claramente passou por muito antes de ser aniquilada e agora Eshe, a heroína, tem de lidar com os restos que por lá ficaram para conseguir escapar. Tem alguma influência de roguelites: enquanto alguns locais importantes são fixos no mapa, tudo à volta deles vai mudando de cada vez que morremos.


Iconoclasts

O Iconoclasts parece fofinho. O facto de que Robin, a protagonista, vive numa sociedade regida por uma teocracia brutal que domina completamente a vida de quem lá mora revela que se calhar não é assim tanto. Tem um bom misto de exploração, puzzles e combate, bem como uma narrativa bem mais interessante e profunda do que parece à primeira vista.


Unsighted

Unsighted é um pouco diferente do metroidvania habitual: sim, estão lá todos os elementos do costume, mas é um jogo isométrico. E não, isto não quer dizer que não há plataformas: estão lá na mesma, não se preocupem. A parte mais interessante é sem dúvida a mecânica de tempo que usa: todas as personagens (sim, incluindo a que controlamos) têm um tempo de vida limitado, que pode ser recarregado através de um recurso limitado. Isto força-nos a decidir bem como usar o nosso tempo, os nossos recursos e a pensar em como fazer as coisas das próximas vezes que jogarmos para chegar a resultados diferentes. Esta mecânica pode ser desactivada por quem não se der bem com este tipo de coisas, mas aconselho plenamente que arrisquem.


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