Ori and the Will of the Wisps – Análise

Foi há 5 anos que a Moon Studios nos apresentou ao lindíssimo Ori and the Blind Forest. O jogo publicado pela Microsoft e dirigido por Thomas Mahler conquistou ambos jogadores e críticos graças aos seus visuais estonteantes, música, gameplay e história. As expectativas estavam altas para a sua sequela, e mesmo assim, Ori and the Will of the Wisps consegue superar o seu predecessor em todos os aspectos.

Ori and the Will of the Wisps é um metroidvania publicado pela Xbox Games Studios e lançado para a Xbox One e Windows. Ao contrário de Blind Forest – que é exclusivamente 2D – esta sequela usa modelos 3D com fundos em múltiplas camadas para facilitar e aprofundar as animações das personagens e mundo. Esta sequela conta também com a participação de Jeremy Gritton (artista da Blizzard Entertainment) e Milton Guasti (criador do AM2R).

Enredo e narrativa

The Will of the Wisps segue de imediato os acontecimentos de The Blind of Forest. O ovo de Kuro choca, e dele nasce uma pequena coruja, baptizada como Ku e fica aos cuidados de Ori, Naru e Kumo. Ku tem dificuldades em voar devido a uma asa partida, mas com a ajuda da família, eventualmente é capaz de levantar voo e, junto a Ori, viajam pelos céus de Nibel, onde são apanhados numa tempestade e acabam por se separar e cair em Niwen. Aí começa a aventura de Ori à procura de Ku. A jornada mágica de Ori and the Will of Wisps tem os seus momentos exaltantes e emocionantes. É como um conto de fadas sobre a preservação da vida e o ambiente.

Para além da jornada principal, têm pequenas quests opcionais durante o jogo, onde podem ajudar as criaturas a encontrar objectos e realizar tarefas. Estas side quests não adicionam muito ao mundo para além demonstrar pequenos pedaços do quotidiano dos habitantes ou breves backstories aos mesmos. Encontrarão a maior parte da informação sobre o mundo nos visuais do jogo.

Visuais

Se há um departamento onde esperávamos o melhor da Moon Studios, seria na direcção de arte. The Will of the Wisps não desilude, antes pelo contrário. Ori é um deslumbre visual desde o momento em que ligam o jogo, até aos créditos finais. Niwen é um deleite para os nossos olhos que contam uma história sobre o mundo que estamos a explorar através dos backgrounds cheios de detalhes e movimento e o seu uso espectacular de cores e efeitos. O metroidvania é rico em variedade de zonas que contrastam entre si no ambiente, flora e fauna. Tomem como exemplo a vivacidade das Luma Pools, abundante em plantas e criaturas, com um rosa vibrante a banhar a superfície, repleto de cascatas e lagos, onde mergulham no azul puro da água para encontrar vários perigos submergidos.

No lado completamente oposto do mapa, podem explorar as Silent Woods. Ao contrário das Luma Pools, as Silent Woods são desertas. O castanho e cinzento taciturnos reinam sobre este lado de Niwen, onde apenas encontrarão carcaças, os restos da antiga vida que o populava, algumas criaturas hediondas e o tenebroso ermo das Windswept Wastes.

Luma Pools

O esforço no trabalho das personagens e animações é notável. Os movimentos estão muito mais expressivos e dão mais personalidade às criaturas únicas que vão encontrando pela vossa viagem. O personagem principal continua extremamente ágil e as transições entre as animações de movimento estão impecáveis.

O jogo corre a 60fps sem problemas e a fluidez de movimento é de louvar. Ainda assim, há problemas que devo mencionar: um deles, é quando certos pormenores dos mapas se sobrepoem ao personagem, bloqueando a nossa visão do jogo. O outro, é devido à câmara fixa em certas arenas onde o personagem é pequeno, e com todos os efeitos especiais a aparecer no mapa, é fácil perder a orientação e o protagonista de vista, custando-nos uns bons pontos de vida.

Som

Ori continua a brilhar quando passamos para o Sound Design. Enquanto exploramos Niwen, podemos ouvir os passos do pequeno Ori a pisar em musgo, relva ou areia, o rangido da madeira seca quando nos pousamos num tronco e o o farfalhar das folhas pela densa floresta enquanto os pássaros cantam. Em combate torna-se tudo bombástico, com os monstros a causar explosões e a cuspir veneno enquanto tentamos nos desviar dos projécteis e disparamos flechas mágicas, imediatamente desfazendo os inimigos com os golpes da nossa espada de luz.

Todos estes efeitos sonoros são acompanhados por uma banda sonora memorável. Aplicando-se perfeitamente aos momentos épicos, calmos e emocionantes da narrativa. Exemplos como o Ku’s First Flight preparam-nos para a aventura épica que se aproxima, enquanto o The Ancient Wellspring reforçam o mistério do mundo e convidam-nos a explorar os cantos de Niwen, para quando encontrarmos uma criatura terrível sermos acompanhados por obras épicas como Mora The Spider. Adorei a banda sonora do início ao fim, e não ficarei surpreso se chegar ao fim do ano e achar que esta foi uma das melhores OSTs de 2020.

Tive um problema de som onde sofria cortes durante as cutscenes, mas foi resolvido com uma actualização.

Gameplay

Facilmente onde a sequela evoluiu mais em relação a The Blind Forest. Ori continua a deslizar e a voar pelo mapa com “graciosidade” sendo a palavra chave do movimento e platforming do jogo. Ao contrário do seu antecessor, que por vezes era demasiado impiedoso e preciso no platforming, The Will of the Wisps dá uma maior margem de manobra, especialmente nas escape sections. Com aptidão suficiente, poderão até alcançar certas zonas opcionais ou secretas mais cedo que planeado e obter os bónus úteis para os confrontos do jogo. E, se encontrarem e realizarem um Spirit Trial, têm de correr de um ponto A a um ponto B contra um “fantasma”, o jogo tem leaderboards para estes desafios, assim podem competir com outros jogadores em corridas e combates.

O combate conta com a mesma fluidez do movimento e platforming. Ao contrário do primeiro Ori – onde o Wisp combatia por vós e a maioria dos confrontos se reduzia a ficar a uma distância segura enquanto carregávamos no botão de ataque até que a barra de vida do inimigo chegava ao fim – esta sequela aprofunda o combate e torna-o divertido e variado. Com as várias opções e poderes, rapidamente estarão a dominar os inimigos com combinações da espada, dashes, arco e flecha, saltos, lanças e muito mais. Podem comprar novas armas e habilidades de combate durante o jogo com os pontos que ganham a combater ou encontram escondidos no mapa, podem trocar de habilidades rapidamente com a weapon wheel ao ponto de parecer que estão a jogar DOOM ou Ratchet & Clank com a constante troca de armas. O combate salienta-se ainda mais nas boss fights e nos desafios de combate que podem encontrar no mapa. Estes desafios, quando completados, aumentam o limite de Spirit Shards que podem utilizar aos mesmo tempo. As Shards são itens equipáveis que melhoram ou oferecem várias habilidades, como reduzir o dano recebido, aumentar o numero de flechas que o arco lança de uma vez ou adicionar um 3º salto consecutivo ao Ori (este último foi extremamente útil). Lembram os Charms em Hollow Knight, podem encontrar Shards escondidas pelo mapa e comprá-las a um certo personagem, certas Shards podem também ser melhoradas. A minha única queixa em relação ao combate dirige-se à variedade limitada de inimigos e à brevidade dos desafios de combate. Uma espécie de coliseu ou semelhante seria uma excelente forma de por as habilidades de combate dos jogadores à prova.

O level design torna as zonas muito mais convidativas à exploração. Para além de amplo, Niwen está repleto de segredos e zonas opcionais onde encontrarão itens, melhorias, personagens a necessitar ajuda e desafios. Encontrarão Life Cells e Energy Cells, quando coleccionam duas, a vossa vida ou energia máxima aumenta. Podem encontrar Gorlek Ores e oferecê-los ao Grom, um personagem nas Wellspring Glades que usa os Ores para construir edifícios e remover obstáculos, abrindo novas áreas na zona para o jogador explorar. Por fim, podem encontrar itens especiais para quests. É bom que tenham boa memória ou um caderno de apontamentos, porque ao falar com alguns dos personagens do mapa, eles mencionam itens que necessitam, e o mapa não marca todos esses personagens, uma forma de colocar ícones no mapa, como em Hollow Knight, seria bem vinda. Por falar em mapas, se encontrarem Lupo, o cartógrafo, podem comprar-lhe um mapa da zona para facilitar-vos a exploração. Raramente exploro tudo na primeira playthrough dum Metroidvania, mas porque estava tão investido em Ori and the Will of the Wisps, acabei o jogo com 99% do mapa concluído em quase 12 horas.


Concluindo

Ori and the Will of the Wisps é uma viagem emocionante por um mundo com arte lindíssima, a banda sonora por Gareth Coker é sensacional , e o combate e exploração para além de extremamente divertidos, são altamente satisfatórios. O novo jogo da Moon Studios é uma compra obrigatória para os fãs de Metroidvania, e uma recomendação fácil a todos os jogadores graças à sua disponibilidade no Xbox Games Pass. Classifico o jogo com uma nota de 9 em 10.

Ori and the Will of the Wisps no OpenCritic


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