Aproveitando o desconto de 3 meses por 1€ no Xbox Game Pass, um dos jogos que instalei – depois do Marvel’s Guardians of the Galaxy – foi o Tunic, um pequeno jogo de aventura inspirado nos clássicos The Legend of Zelda, desenvolvido por Andrew Shouldice e publicado pela Finji, que tinha agarrado a minha atenção pelas boas reações dos jogadores e de colegas nossos no Twitter.
O Tunic acabou por me apanhar de surpresa. Começando apenas como um simples “Zelda-like“, a aparência fofa do seu mundo simplista que parece ter sido colhido diretamente da mente criativa duma criança agarraram-me e lentamente me despertavam a curiosidade com a narrativa visual de cada área que ia encontrando. Tunic atira-nos à aventura sem nos dizer muito, e cabe ao jogador descobrir o que fazer e como fazê-lo, mas fá-lo de uma forma muito única, e esta forma é o que dá personalidade ao jogo e o destaca para além de “outro Zelda-clone“.
Mas como é que podemos descobrir o que sequer fazer? Através do manual do jogo. Sim, o manual do jogo, pois espalhado pelo mundo de Tunic, estão várias páginas perdidas, com um idioma misterioso. À primeira vista talvez confusas, mas que com cada folha extra encontrada tornam-se no nosso precioso guia. Embora o idioma seja ilegível à primeira, ainda tem alguns pedaços de texto em inglês, e as imagens dão-nos dicas fulcrais e informação sobre as mecânicas do jogo, inimigos do mundo, ou até mapas das zonas. E ao perdermos um pouco do nosso tempo a vaguear sem rumo, acabamos por desvendar o Tunic.
Durante a aventura terão de colecionar chaves importantes para libertar o antigo herói de Tunic e tomar o seu lugar, ou quebrar o ciclo do mundo. Terão de combater inimigos fortíssimos durante esta demanda, e é no combate que senti que Tunic sofresse um pouco. Pareceu-me que durante as boss fights o jogo não sabia o que queria ser: o jogo possui uma mecânica de parry, mas é extremamente lento em comparação aos ataques dos bosses, o protagonista tem uma barra de stamina, mas grande parte dos bosses são rápidos e dão pouca margem para ataque, as áreas têm obstáculos e objetos que deviam oferecer proteção, mas os ataques dos bosses ignoram objetos. Perto do fim do jogo desbloqueamos uma habilidade que facilita imenso estas batalhas, contudo, senti que as lutas contra bosses eram de longe a pior parte do jogo e eram frustrantes em vez de divertidas.
Perto do final já tinha grande parte do manual completo e conseguia montar as peças da narrativa deste mundo. Lutei contra o boss final e tive um final… mau? Pois, há qualquer coisa no manual que faz alusão a um final diferente, algo sobre “partilhar o nosso conhecimento”. Confesso que fiz batota e pesquisei sobre os finais do jogo, e um deles requer completar o manual. Resolvi ler o manual com atenção, tentar descobrir o que era o “Golden Path” e a “Holy Cross” e se eram importantes (são). Aos poucos fui percebendo os segredos e esta busca pelas restantes páginas do manual foi das minhas partes favoritas no jogo todo. Ao perceber o que era esta Holy Cross, abriram-se, muito literalmente, várias portas no mundo de Tunic, repletas de quebra-cabeças aliciantes que até me obrigaram a fazer algo que não fazia num jogo há muito tempo: apontar pistas num bloco de notas.
No final, consegui ter o final bom e valeu a pena. O Tunic acabou por ser bem melhor do que esperava, é daqueles jogos que nos incentiva a procurar, estudar, tentar e errar, onde por fim, somos recompensados com a satisfação de descoberta ao resolver os seus puzzles e mistérios. É uma recomendação fácil, sobretudo se estiverem subscritos ao Xbox Game Pass.