Responsável por jogos como “Ninja Gaiden”, e mais recentemente “Nioh” e a sua sequela, a Team Ninja regressa em força neste inicio de ano com “Wo Long: Fallen Dynasty”, um novo jogo de ação que se assemelha mais a “Sekiro: Shadows Die Twice” que propriamente um Souls tradicional.
A narrativa arranca com a morte da nossa personagem numa noite sangrenta na guerra que se desenrola neste jogo, porém rapidamente a nossa personagem é ressuscitada com a ajuda de um amuleto e daí em diante toda a ação se passa numa versão mística dos últimos dias da Dinastia Han.
Honestamente, achei a história deste jogo o seu ponto mais fraco, não só as personagens não têm grande peso narrativo, como as cinemáticas se estendem um pouco mais do que gostaria num jogo deste género, sinto que uma abordagem mais minimalista ou simplista funcionaria melhor, porque aqui a tentativa de fazer uma grandiosa história épica, pouco fez por mim.

Ao nível visual, “Wo Long: Fallen Dynasty” não é um dos jogos mais bonitos que já joguei, de todo, mas é bastante sólido e a performance também se aguenta muito bem, raramente saindo do alvo de 60fps, algo que me surpreendeu bastante, tendo em conta o quão mal jogos como “Elden Ring” correm. Mesmo nos combates mais pesados as quebras de fluidez raramente foram consideráveis tirando um ou outro local onde o jogo abusa mais de partículas, de resto nada a apontar nesse quesito.
A banda sonora, composta por Kenichiro Suehiro, adequa-se bastante bem a cada situação no jogo, em especial o tema principal que é poderoso e nos confere alguma confiança quando o ouvimos. Podem ouvir toda a banda sonora aqui.
Em relação à jogabilidade, é aqui que o jogo mais brilha e o seu grande foco, ”Wo Long Fallen Dynasty” apresenta-se como uma versão de “Sekiro: Shadows Die Twice” em que nós possuímos a capacidade de mudar o nosso equipamento e um ênfase em estatísticas semelhante aos Souls mais tradicionais, e a mistura no geral funciona bem, embora as estatísticas sejam suplantadas pelas capacidades do jogador, pelo que não são assim tão essenciais como o habitual.

A mecânica chave deste jogo acaba por ser o seu sistema de “parry”, que além de ataques normais podem bloquear os poderosos “Critical Blows” que os inimigos e bosses usam e se os evitarmos com sucesso a sua barra de postura enche de uma forma considerável, sendo por isso a mecânica mais importante para o nosso sucesso neste jogo, e é bastante satisfatória quando funciona.
Porém, nem tudo o que a envolve é perfeito, um dos seus grandes defeitos é que não o podemos executar durante um dos nossos ataques, o que é bastante frustrante tendo em conta não só o quão essencial a mecânica, como a velocidade absurda de alguns inimigos, o que leva o combate a ser muito menos ofensivo e dinâmico do que realmente poderia ser.
Falando em combate, os desafios contra bosses neste jogo são no geral muito bons, embora alguns por vezes tenha sentido serem algo simplistas de se abordar, mas todos foram satisfatórios de perceber e derrotar, em especial o boss final, que está ao nível dos melhores bosses dos jogos da From Software, com uma luta bastante dinâmica e desafiante que nos obriga a perceber todas as mecânicas que nos são apresentadas, sendo sem dúvida o confronto mais divertido do jogo.

Outra das grandes mecânicas do jogo é o “Morale System”, em que à medida que matamos inimigos o nosso rank vai de 0 a 25, o que faz os inimigos à nossa volta, mais fortes ou mais fracos consoante a diferença do seu moral em relação ao nosso.
Adorei esta mecânica, incentiva o jogador a explorar e ser agressivo para matar o maior número de inimigos possível, e a cada bandeira descoberta no mapa o nosso rank é cada vez maior da próxima vez que ressuscitarmos, o que ajuda bastante a enfrentar os bosses neste jogo, porém tem falhas, ao rejogar missões começamos sempre do 0, o que implica fazer toda a missão de inicio, o que acaba por ser chato, pois sinto que podiam ter permitido ao jogador escolher entre o rank máximo previamente obtido e começar do 0, porque assim rejogar os diferentes bosses torna-se uma dor de cabeça desnecessária.
O jogo possui 7 capítulos e 46 missões no total para completar, oferecendo cerca de 30h para fazer tudo o que é oferecido e encontrar nos diferentes mapas, o que é bastante sólido, especialmente em comparação ao tamanho gigantesco que os 2 “Nioh” possuíam.
Mas fiquei algo desapontado com a estrutura dos níveis neste jogo, pois embora tenham coisas para encontrar, raramente senti que fossem recompensas palpáveis, muito por culpa do sistema de “loot” excessivo e sem grande relevância a longo prazo no jogo, não havendo sequer forma de misturar habilidades diferentes de armas para dar uso às cópias que temos, acabando por ser um sistema algo mal pensado e supérfluo.

Quanto ao Dualsense, o jogo utiliza o “Haptic Feedback” de uma forma muito subtil, mas ainda assim apreciei a sua utilização em conjunto com os “parries”, apenas desejava que fosse mais notória a sua utilização.
Em suma, “Wo Long Fallen Dynasty” é um jogo muito bom que com alguns ajustes podia estar a par dos melhores jogos da From Software, mas tem demasiados pequenos problemas que o impedem de chegar a esse nível, pelo que lhe atribuo uma nota de 7.5/10.