Análise – Persona 5 Tactica

Por esta altura acho que é impossível não conhecer Persona 5, seja pela sua aclamação por parte dos críticos e fãs como pelo facto de já ter mais “spin-off” que certas franquias têm jogos, sendo agora lançado Persona 5 Tactica que procura continuar a narrativa, mas com uma jogabilidade tática e não tanto um sistema por turnos tradicional.

Em termos de história, este jogo passa-se pouco tempo após os acontecimentos de Persona 5, começando numa banal tarde em que o elenco está todo a descontrair no café Leblanc, quando de repente se vêem presos numa realidade paralela, semelhante ao “Metaverse” de Persona 5, mas com uma nova origem misteriosa que as personagens vão ter de desvendar e ao mesmo tempo arranjar forma de regressar a casa.

O maior problema do jogo de longe é o seu ritmo, tanto narrativo como estrutural, muitas vezes tendo largos minutos de diálogos sucessivos onde as personagens se limitam a repetir as mesmas conclusões a que chegaram anteriormente quase como uma forma de evitar que o jogador se perca, algo que não me importaria tanto se não acontecesse em praticamente todas as sequências narrativas.

Gostei das novas personagens introduzidas e a história em torno delas, mas tudo isso acabou por ser arruinado com um ritmo paupérrimo que perde imenso tempo com repetição de conceitos e noções ao invés de desenvolvimento de personagens propriamente dito.
Além disso perto do fim o jogo começa a reciclar imenso a estrutura das missões e até mesmo bosses anteriores, o que me começou a frustrar um pouco porque se notava que foi uma forma de estender artificialmente a longevidade deste titulo.

Ao nível visual o jogo emprega um estilo visual completamente distinto dos seus predecessores, assemelhando-se a um estilo “chibi” que por acaso acho que resulta bastante bem no geral tendo em conta o estilo de humor e interações mais cómicas entre personagens, permitindo reações mais exageradas, e o design das personagens transitou muito bem para o mesmo, não me importava que voltassem a experimentar utilizá-lo no futuro, pois apesar da sua simplicidade permite tornar as cenas de diálogos um pouco mais dinâmicas.

A banda sonora, composta por Toshiki Konishi e contando com a presença assídua de Lyn, sem dúvida a minha parte favorita nos anteriores jogos, aqui é algo desapontante, não sendo má mas sinto que é bastante mais genérica e menos energética que o que já nos acostumaram no passado.

Como já mencionei, este jogo introduz uma jogabilidade de estratégia e sinto que funciona extremamente bem, sendo bastante dinâmica e acima de tudo divertida.
Em cada combate podemos escolher e utilizar 3 membros distintos e cada um tem as suas próprias habilidades e capacidades distintas, desde poderem mover-se mais num dado turno ou maior alcance com os seus ataques.

Além disso o jogo reaproveita o sistema de combos de Persona 5 e isto acaba por dar à personagem que os efetua um turno extra para fazer tudo o que seja, tornando-se muito divertido limpar salas inteiras de inimigos com combos sucessivos.
No entanto apesar de ser extremamente satisfatório sinto que podiam ter feito um pouco mais para tornar a jogabilidade ainda mais dinâmica, como os saltos em equipa de Mario + Rabbids, que permitem às personagens estender a sua área de movimento com a ajuda de um companheiro nas redondezas, algo que sinto adequar-se bastante bem ao tom e estilo de Persona, especialmente tendo em conta o sistema de combos onde o trabalho em equipa é chave.

Em cada missão são-nos apresentados 3 objetivos secundários, completá-los nos dá uma maior quantidade de experiência e dinheiro, sendo alguns desses objetivos um pouco desafiantes, mas diverti-me imenso na sua maioria, podendo depois usar esse dinheiro para comprar equipamento ou invocar Personas.
Falando em Personas, o sistema de fusão está de regresso e no geral continuo a gostar do mesmo, dando-nos um sentido de progressão e escolha nas habilidades que queremos num dado Persona.

Aliado a este sistema existe também uma árvore de habilidades, já típica na maioria dos videojogos modernos, dando novos ataques e habilidades passivas a cada membro do elenco, reforçando esta sensação de progressão constante.

Em suma, Persona 5 Tactica não é um mau jogo, de todo, mas é uma experiência tão lenta e repetitiva que apesar de uma excelente jogabilidade e um estilo visual apelativo, não o consigo recomendar ao preço a que foi lançado, pelo que lhe atribuo um 6.5/10.

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