Análise: “Remnant: From the Ashes”

Após uma recepção morna ao Darksiders III no ano passado, a Gunfire Games traz-nos Remnant: From the Ashes, um third person shooter RPG publicado pela Perfect World Entertainment, à qual agradecemos por fornecer um código do jogo para esta review. Esta análise é feita com base na versão para Steam.

Nos finais dos anos 60, cientistas descobriram uma pedra com gravuras peculiares. Ao decifrá-la, estes abriram portais para outros mundos, e para uma força do mal conhecida como “Root” que invadiu a terra e arrasou com a população. Remnant começa 80 anos depois destes acontecimentos, onde o protagonista – criado pelo jogador – procura acabar com a presença da Root na Terra, combatendo vários bosses desafiantes e viajando entre vários mundos num estilo de gameplay influenciado pelo género soulslike, a solo, ou com amigos.

Duvido que Remnant surpreenda alguém no que toca a grafismo de topo, o jogo faz um bom trabalho visual na sua generalidade, tendo em conta que o estúdio teve um orçamento mais baixo que o típico projecto AAA, até apresenta texturas e modelos detalhados e bem parecidos. Sobre bugs visuais, apenas sofri alguns pop-ins durante as minhas playthroughs.

O aspecto visual de Remnant que mais se destaca são os designs dos inimigos e das armas. Cada mundo possui o seu set de inimigos diferentes entre si, tanto em aspecto e habilidades, no mundo podem encontrar inimigos normais e inimigos “elite”, esses inimigos mais poderosos sinalizam a sua presença com um aviso sonoro que repete quando os derrotamos (o que pode causar o pequeno incómodo de confundir o jogador em relação à aparição ou morte de um desses inimigos). O mundo e dungeons também possuem sempre um boss e quase todos têm um aspecto intimidante, único e poderoso (houve duas ou três situações onde os bosses tinham aspecto semelhante a inimigos normais que encontrava no mundo). As armas do jogador, para além de variadas, são surpreendentemente interessantes. Fiz questão de tentar obter todas as armas que encontrava ou podia comprar e/ou construir, para descobrir o que é que faziam; adicionando a isso, podem instalar e mudar “mods” às armas normais que mudam o seu aspecto e habilidade especial.

Quanto ao design visual do mundo, infelizmente não ajuda o gerador dinâmico do jogo – os níveis em Remnant são gerados “dinamicamente”, ou seja, usando os assets disponíveis, o jogo gera automaticamente um layout dos níveis, sendo sempre diferente entre as playthroughs – depois de acabar a minha primeira playthrough e ter começado outra, pouca diferença notei no mundo, apesar do layout diferente, acaba por saber ao mesmo devido aos visuais monótonos.

Remnant correu a 1080p 60 frames por segundo no meu 1300X / GTX 1060 com a maioria das opções em High, tirando alguns drops ocasionais, a performance do jogo é bastante estável.

A música de Remnant é na maior parte das vezes quase inexistente, enquanto exploram o mundo é tão subtil que nem dão por ela, só quando lutam contra bosses é que o jogo realmente vos atira com a sua banda sonora bombástica, da qual gostei, adequa-se bem aos combates pesados do jogo, mas não diria que esta OST é memorável.

Já o sound design tem alguns problemas. Embora os efeitos sonoros das armas sejam bastante satisfatórios, o jogo é péssimo em informar o jogador através do som. Mesmo com um headset tinha dificuldades em localizar os inimigos à minha volta, sendo muitas vezes apanhado de surpresa com um ataque atrás de mim, e os sons dos inimigos são tão altos, que mesmo estando sozinho num lado do mapa, consigo ouvir os grunhos de monstros, parecendo que tenho um inimigo à minha espera no próximo canto quando na verdade está quase do outro lado do mapa.

Como disse acima, Remnant retira bastantes ideias do género soulslike, por isso podem esperar um combate lento, metódico e inimigos implacáveis. Ainda assim o jogo oferece 3 dificuldades à escolha: Normal, Hard e Nightmare. Não existe maior recompensa em jogar nas dificuldades mais altas para além do EXP ganho, este EXP pode apenas ser gasto nos traits, habilidades passivas que aumentam certos stats (ex: Critical Damage, Stamina, HP), ao longo do jogo irão desbloquear mais traits com habilidades diferentes e podem gastar pontos para os melhorarem. O loot que ganham em batalhas, scrap – a moeda do jogo – e itens acabam por ser muito mais importantes para a progressão, o que torna a recompensa das dificuldades mais altas não parecer valer a pena à excepção de oferecer um desafio maior, embora por outro lado, não pune os jogadores mais casuais e/ou com dificuldades por jogarem em Normal.

O combate é bastante divertido, a maioria das armas possuem um bom peso, impacto e som e há variedade o suficiente para poder jogar com o vosso playstyle favorito, seja este um tank com armas de curto alcance, ou um sniper mais ágil e rápido. Por consequente, o jogo em co-op com amigos acabará por se tornar mais interessante quando cada um leva um estilo diferente, dinamizando o jogo e promovendo estratégias em grupo em boss fights, que acabaram por ser as minhas partes favoritas no jogo. Devo também apontar que numa playthrough não irão combater todos os bosses do jogo.

Cada boss é bastante diferente do anterior e cada um tem diferentes fraquezas do outro, no entanto, consegui derrotar a maior parte sem ter de me preocupar muito com o equipamento que levava. O maior desafio dos bosses acabam por não ser os bosses em si, mas todos inimigos menores que surgem durante as batalhas. É aí que está uma das fraquezas mais predominantes em Remnant, todas as boss fights dependem de ondas de inimigos menores para se tornarem desafiantes, obrigando o jogador a estar atento ao boss, e aos inimigos que podem aparecer pelas costas (e como apontei acima, o jogo não consegue usar bem o som para ajudar o jogador). Não obstante, a maior frustração do combate vem do movimento do personagem, este só corre para uma direcção (frente) e anda na lateral e para trás, num jogo destes focado em armas de média e longa distância, ter de virar as costas aos inimigos – perdendo-os de vista – para se manter fora do alcance deles é um obstáculo e não um desafio.

O level design é outro aspecto nada impressionante no jogo, embora os níveis sejam gerados dinamicamente para promover a replayability, os mundos acabam por saber sempre ao mesmo. As zonas tendem a ser lineares com algum espaço para a exploração de itens, com um ou dois caminhos possíveis para um dungeon ou para a próxima zona. As dungeons sofrem do mesmo e algumas até contém buracos onde podem acidentalmente cair durante um combate e morrer instantaneamente para ter de recomeçar a dungeon do início. Tendo em conta as influências do jogo, penso que podiam ter tentado fazer níveis mais verticais e intercalados em vez de depender sempre do fast travel.

Tive a oportunidade de jogar em co-op com desconhecidos, não tive problemas de conexão e o jogo é igualmente ou ainda mais divertido com outras pessoas, infelizmente não consegui jogar com amigos portanto posso só supor que será uma melhor experiência.

Por fim, a narrativa. A premissa do jogo é simples e nunca evolui muito daí, não obstante, o jogo têm uma boa quantidade de lore e informações espalhadas pelo mundo através de coleccionáveis, itens e diálogos, que certamente serão boas leituras para os mais interessados, sem se meterem no caminho dos jogadores apenas focados no gameplay.

Remnant: From the Ashes é um bom jogo com um combate divertido e bastante replayability graças à variedade de boss battles e equipamento em junção com o seu gameplay loop. No entanto, alguns problemas e a falha na execução de certos aspectos, sobretudo o level design tornam o RPG da Gunfire Games aquém do seu potencial para bastante mais. Classifico o jogo com uma pontuação de 7 em 10. Por 39.99€ recomendo a compra apenas aos fãs do género, sobretudo se tiverem amigos com quem jogar.

Remnant: From the Ashes no OpenCritic

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