Como classificam os “Igavanias”, do pior ao melhor?

“Castlevania” é certamente uma das franquias mais emblemáticas na indústria dos videojogos, e sempre foi uma série que me recomendavam jogar mas fui sempre adiando, até que joguei “Castlevania Requiem” na PS4 e gostei bastante de “Symphony of the Night”, e em especial de “Rondo of Blood” que é um jogo incrível, no entanto depois não cheguei a jogar mais nenhum, tendo ficado algo exausto no fim de “Symphony of the Night”.

Porém tudo mudou este verão, decidi jogar todos os jogos desta série, e não só, produzidos por Koji Igarashi que foi um dos grandes responsáveis pelo tremendo sucesso destes jogos, daí o termo “Igavania”, e nesta lista decidi classificar os vários jogos do pior ao melhor, ressalvando que esta é somente a minha opinião pessoal e não algo estritamente objetivo.

Castlevania: Harmony of Despair

Um jogo que no papel soa uma ideia bastante interessante, juntando os diversos protagonistas que esta franquia de longa data já teve, como Soma, Richter, Alucard, entre outros numa aventura que percorre também cenários icónicos dos jogos 2D, o maior problema é que a execução é horrenda, a jogabilidade é sólida sim, mas a estrutura dos níveis foi completamente feita a pensar em múltiplos jogadores e as recompensas são ditadas pela sorte, erradicando o sentido de progressão que é das melhores coisas nesta franquia.
Por exemplo, os cofres largados pelos bosses não têm só uma ou duas diferentes recompensas, não…TÊM MAIS DE 10, ou seja podemos passar horas a fazer as mesmas lutas e bosses vezes e vezes sem conta e só nos sair o item mais rasca de todos pela 500ª vez, é algo que estraga por completo o jogo pois 99% das boas recompensas estão bloqueadas atrás da dificuldade Difícil, só acessível após completar todos os níveis em normal, mas nem nessa dificuldade as probabilidades são melhores, pelo contrário.

Enfim o nome assenta bem porque tudo o que senti nas 12h que o joguei foi um desespero e uma sensação de perda de tempo, genuinamente dos piores jogos que joguei em muito tempo.

Bloodstained: Ritual of the Night

A razão para esta lista mencionar “Igavanias” e não Castlevanias, Bloodstained foi o jogo que Igarashi fez após a saída da Konami, tendo efetuado um Kickstarter que teve imenso sucesso, e ainda hoje o jogo continua a receber suporte aos poucos.

Neste jogo seguimos Miriam que tenta salvar o seu amigo Gebel, seguindo uma estrutura narrativa muito semelhante aos Castlevania 2D passados.
A jogabilidade é bastante sólida e junta o melhor de Symphony of the Night com aspetos de Aria of Sorrow, Order of Ecclesia, entre outros, culminando numa boa experiência para fãs de longa data, porém o design dos níveis não é o melhor, tendo ficado perdido algumas vezes e o jogo abusa um pouco de inimigos em cada sala, o que por vezes leva a combinações de ataques que temos de desviar algo frustrantes.

As lutas com bosses são divertidas e possivelmente as mais difíceis de qualquer um desta lista a par de Order of Ecclesia, no que aos jogos 2D diz respeito.

No entanto, o maior problema do jogo é sem dúvida a mecânica de “Item Crafting”, não só muitas das coisas mais poderosas estão bloqueadas através deste sistema, o que estraga um pouco o sentido de progressão, como para fazer o 100% precisamos de reunir todos os items existentes no jogo, o que implica demasiado tempo a arranjar os materiais, constantemente, o que não é estranho nestes jogos pois todos têm essa vertente, mas este é o mais longo sem dúvida. Por exemplo completei todos os Castlevania 2D a 100% em cerca de 10-15h, este demorou 30-35h e isto foi sem contar um segundo “playthrough“ ou algo do género, foi simplesmente andar a reunir items a toda a hora.
Sinto que este jogo se não tivesse implementado esta mecânica estaria mais alto na lista, mas no estado atual não dá para mais, tendo esperança que na sequela tenham aprendido a lição.

Castlevania: Lament of Innocence

Embora esteja em penúltimo, este jogo é uma transição para 3D desta franquia muito interessante e genuinamente divertida, fazendo mesmo lembrar o primeiro Devil May Cry, que continua a ser dos meus favoritos pela sua atmosfera e câmara fixa, algo que este jogo partilha e executa de forma aceitável.

Neste jogo seguimos a história de Leon Belmont, o primeiro do clã Belmont a enfrentar Dracula e no geral, apesar de um trabalho de voz hilariante (o que não era incomum na altura, sejamos justos), a narrativa está bem conseguida e gostei do que fizeram com as personagens e a origem de muitos conceitos com os quais nos deparamos nos inúmeros jogos futuros.

O combate é uma espécie de Devil May Cry e tendo em conta que saiu antes de Devil May Cry 3 ou God of War, gostei bastante, embora peque por ser algo “clunky” e por vezes Leon não responder exatamente como queremos aos botões que clicamos, algo que se sente também nas secções de plataformas, muito porque a câmara não colabora connosco sempre que queremos e o jogo é marcado pelo design de níveis bastante mau, com corredores praticamente idênticos e demasiado grandes sem forma de nos movimentarmos mais rápido, algo que afeta o seu sucessor também, infelizmente.

Mas o melhor é sem dúvida a banda sonora, genuinamente das melhores que já ouvi num videojogo até à data, a franquia é conhecida pela banda sonora, sem dúvida mas esta arrebatou-me por completo, ouçam e deleitem-se.

Castlevania: Symphony of the Night

Vá, baixem as forquilhas, este jogo é muito bom e quando comecei esta jornada pensei que este seria o primeiro lugar dada a sua reputação, mas a realidade é que todos os outros que vieram em diante ultrapassam SOTN em praticamente todos os aspetos, este jogo mudou o paradigma, mas foram Aria of Sorrow e companhia que o aperfeiçoaram.

A banda sonora e os visuais são de luxo dando a cada região do castelo de Dracula uma atmosfera icónica mesmo nos dias que correm, sendo sem dúvida um dos destaques do jogo.

A jogabilidade e a exploração são também bastante boas, embora seja algo frustrante por vezes o preenchimento do mapa que exige muito mais trabalho que os futuros jogos pois por vezes temos de tocar em todos os cantos de uma sala, mas ainda assim nada demais e diverti-me imenso a descobrir os segredos e a enfrentar os inúmeros bosses.
Porém este jogo tem algo que de certa forma o arruína para mim, porque assim que derrotamos Shaft e salvamos Richter, alguém na equipa teve a ideia “genial” de erguer um segundo castelo – e isso pronto é ideia interessante – o problema é que o castelo é exatamente igual mas ao contrário, sendo as únicas diferenças a frustração que certas salas passam a ser agora que estão invertidas e os inimigos que encontramos, e o pior é que temos de voltar a preencher o mapa do segundo castelo, pois nada do que fizemos no primeiro importou, algo que se revela ser autêntica longevidade artificial pura e dura que o tornam possivelmente dos jogos desta lista que no futuro menos rejogarei.

Castlevania: Curse of Darkness

2 anos após Lament of Innocence, Igarashi e a sua equipa voltaram em força a tentar fazer Castlevania singrar em 3D, desta vez com Curse of Darkness, um jogo em que controlamos Hector, um antigo servo de Dracula que o traiu e agora se vê numa jornada para travar a sua ressurreição e os planos do seu velho amigo Isaac.

Neste jogo voltamos a poder equipar diversas armas e não só o chicote “Vampire Killer” como em Lament of Innocence, e além disso Hector tem ao seu dispor diversas criaturas que pode evoluir e melhorar com novas habilidades num sistema semelhante a um Persona ou Shin Megami Tensei, algo que estava reticente no inicio, mas funciona muito bem e tornaram a jogabilidade ainda mais divertida.
Além disso, desta vez o combate e os controlos estão muito mais refinados, permitindo muitas coisas que fazem um veterano de jogos de ação como eu “sentir-se em casa”, e os combates com bosses são surpreendentemente desafiantes, algo que gostei embora por vezes a câmara tenha tornado certas lutas mais frustrantes do que gostaria.
O maior problema do jogo é o mesmo que Bloodstained, o “Item Crafting” que arrasta por completo o ritmo e a progressão do jogo, embora aqui tenha sentido que é mais fácil progredir para as armas que queremos e não é necessário para o 100% do jogo.
A banda sonora, embora não tão fantástica como a de Lament of Innocence é incrível na mesma e permite a este jogo fechar com chave de ouro os “Igavanias” em 3D.

Castlevania: Harmony of Dissonance

Se me tivessem dito quando comecei a jogar estes jogos que este jogo estaria tão alto diria que estavam a brincar, porque eu passei-o à frente porque tinha ouvido que era aborrecido, confuso e algo inconsequente.
A realidade é que Harmony of Dissonance é basicamente um Symphony of the Night portátil e de certa forma mais refinado, pois tal como esse tem 2 castelos, a diferença é que os exploramos alternadamente sem o saber até praticamente o fim do jogo e o que fazemos num afeta o outro o que torna a exploração bem mais divertida e satisfatória, tendo sido o Castlevania que mais rápido completei a 100% (200% neste caso), tendo demorado apenas 5h, muito porque esta alternância de castelos o tornou refrescante e intuitivo a partir de certo ponto, algo tornado ainda melhor pelo movimento neste jogo que curiosamente é o melhor de todos os Castlevania 2D apesar da sua idade.

Juste Belmont pode não só dar “backdash” para se esquivar de ataques como pode dar dash para a frente, o que torna a travessia pelo castelo estupidamente rápida.

O combate é também extremamente divertido, embora demasiado fácil, os inimigos têm poucos ataques e raramente são um desafio, mas ainda assim diverti-me imenso com o combate neste jogo, sendo só o seu maior problema a banda sonora que embora não seja a pior coisa de sempre é algo arrastada pela qualidade do áudio.
Ainda assim Harmony of Dissonance é uma recomendação facílima para qualquer fã que como eu o tenha passado à frente.

Castlevania: Order of Ecclesia

A partir deste chegamos ao panteão do Castlevania, todos estes jogos em diante vão ser dos melhores Metroidvania alguma vez criados, tendo todos eles ditado a era de ouro de Castlevania.

Order of Ecclesia é um caso engraçado porque no início, digamos nas primeiras 2 a 3h não estava a gostar muito da minha experiência, os níveis tinham demasiados inimigos agrupados, as missões secundárias superficiais e o sistema de “Glyphs” que absorvemos ao longo dos vários níveis e inimigos para obter novas armas e magia não estava a funcionar para mim, mas a realidade é que pouco depois deste período o jogo deu um “clique” e não o consegui mais largar até fazer o 100%.

Este é possivelmente o jogo mais difícil desta lista, mas sinto que no geral é uma boa dificuldade e o combate é extremamente divertido, tendo este jogo possivelmente a melhor e mais satisfatória luta final com Dracula que já experienciei, não há transformações nem nada, é uma luta pura e dura até à morte.

A banda sonora é também soberba, simplesmente fantástica, sendo sem dúvida dos melhores trabalhos na carreira de Michiru Yamane.

A exploração desta vez é feita através de um mini mapa que separa diferentes níveis de tamanho reduzido e embora inicialmente tenha ficado cético resulta bastante bem e cada região é diversa e com segredos por desvendar.
Para o 100% este jogo é possivelmente o mais exigente atrás de Bloodstained, pois além de termos de apanhar tudo, temos de passar o jogo em Hard, e matar todos os bosses sem sofrer dano, o que inicialmente parece bastante difícil mas à medida que progredi tornou-se bastante fácil.

Sem dúvida um jogo que recomendo a todos darem uma chance, embora possa demorar a agarrar a vossa atenção.

Castlevania: Portrait of Ruin

O segundo da franquia na DS e uma entrada fenomenal, neste jogo o foco é em duas personagens, Jonathan Morris e Charlotte Aulin, que têm como missão impedir que o vampiro Brauner se apodere dos poderes de Dracula e tome posse do castelo do mesmo.

Nesta aventura, podemos alternar entre ambas as personagens, seja em combate como para resolver diversos puzzles, o que se tornou uma dinâmica engraçada e diverti-me com ela, mas em combate basicamente só usei Jonathan, Charlotte além de ser algo frágil não faz muito dano acabando sempre por funcionar melhor como um suporte para amplificar as habilidades de Jonathan, sinto que podiam ter utilizado melhor esta mecânica do duo em combate mas o resultado final parece algo inacabado pois uma personagem é muito melhor que a outra.

Além disso o castelo tem diversos quadros que quando entramos pela sua tela (fazendo relembrar um certo canalizador) e cada um deles é uma área gigantesca para explorar, tendo cada uma os seus próprios items e percentagem isolada para completar, totalizando 1000%, o que parece gigantesco, mas cada área é tão refrescante e divertida de se explorar que tirando uma ou outra zona adorei explorá-las.

Castlevania: Dawn of Sorrow

Este jogo foi um que tecnicamente fiz “batota” pois joguei uma versão modificada que remove as funcionalidades do ecrã tátil, que possivelmente o fariam descer na lista, mas ainda assim tirando isto este jogo é um deleite e uma obrigatoriedade para qualquer fã do género.

Dawn of Sorrow começa cerca de um ano após Aria of Sorrow e Soma Cruz volta mais uma vez a ser o protagonista, sendo as suas habilidades de roubo de almas ainda mais expandidas e algumas novas armas introduzidas à mistura, fazendo este jogo ser de certa forma um refinar de Aria, no entanto o mapa e algumas das habilidades acabam por arrastar o jogo, pois embora não sejam maus, de todo, sinto que jogaram demasiado pelo seguro e o jogo fica de certa forma um pouco derivativo do que veio atrás, o que não é mau porque bem Aria of Sorrow é um dos melhores Metroidvania de sempre, mas podiam ter feito algo mais.

O “grind” para reunir todas as almas dos inimigos regressa, mas desta vez foi mais simpático que em Aria of Sorrow e consegui fazer o 100% sem grandes problemas.

Além de Soma existe um modo em que controlamos Julius Belmont e embora nos outros jogos não tenha mencionado estes modos extra por serem basicamente iguais à campanha principal, o Julius Mode deste jogo é soberbo, não só tem um boss final distinto, como numa espécie de protótipo de Portrait of Ruin podemos alternar entre 3 personagens: Julius, Yoko Belnades e ALUCARD, jogável pela primeira vez desde SOTN.

Yoko é infelizmente bastante má tal como Charlotte, Alucard tem os seus usos mas não se consegue comparar a Julius…que é possivelmente das personagens mais poderosas que já vi num videojogo, desde invulnerabilidade de 2 segundos a uma rapidez imensa com diversas armas ao seu dispor para complementar o seu chicote, raramente vi os bosses a durar mais de um minuto contra ele.

No geral um excelente jogo com uma banda sonora soberba, mas o seu antecessor é especial, aqui vamos…

Castlevania: Aria of Sorrow

Este jogo foi aquele com o qual comecei esta jornada pelos vários jogos da franquia, tendo apenas jogado SOTN e Rondo of Blood anteriormente e fui com expetativas moderadas pois embora seja um jogo adorado eu já não jogava um Metroidvania há algum tempo pelo que podia haver a hipótese de não ter gostado.
A realidade é que passaram 2 meses e joguei a franquia toda de uma só assentada e adorei cada segundo.

Aria of Sorrow conta a história de Soma Cruz, um rapaz que num dia acorda no castelo de Dracula e rapidamente se apercebe que tem o poder de absorver e manipular as almas dos inimigos para os mais diversos efeitos, algo que gostei bastante embora tenham abusado um pouco nas probabilidades de algumas das almas porque houve certas almas que me demoraram quase uma hora por vezes.

Graças às almas e às milhentas armas que Soma pode usar o combate é extremamente fluido e super divertido, elevado ainda mais pelos excelentes confrontos com bosses que ao contrário de Harmony of Dissonance têm ataques variados.

A exploração é também excecional, e muito porque o tamanho deste castelo é bastante reduzido em comparação com os restantes jogos, acabando por ser uma experiência compacta e que pode ser terminada em 4h se não forem para o 100%.

Aria of Sorrow não é só o melhor dos “Igavanias”, como é também dos melhores jogos que já joguei até hoje, um mimo do início ao fim.

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