Análise – Hi-Fi Rush

Depois do lançamento de “Ghostwire: Tokyo” em Março do ano passado, a Tango Gameworks regressa com o seu novo IP, “Hi-Fi Rush”, um “Hack-and-Slash” rítmico, em que tudo no jogo se centra nas batidas da música que toca nos diferentes níveis.

Narrativamente, este jogo é bastante sólido, especialmente tendo em conta o género que se insere. Tendo como protagonista Chai, um jovem adulto que ao se juntar a um programa de melhoramentos robóticos, rapidamente se vê envolto numa luta contra a própria empresa, que o caça por ser considerado um defeito de fabrico.

À medida que a história avança sinto que foi melhorando, tendo uma boa mistura de humor e desenvolvimento de personagens, algo que gostei imenso pois nunca se leva demasiado a sério, mas também não destoa nos momentos mais íntimos entre as personagens.

Visualmente, o jogo é simplesmente soberbo, usando um estilo cel-shaded bastante apelativo, que se mistura muito bem com algumas das cinemáticas animadas em 2D, não só os locais são vistosos e os modelos de alta qualidade, como também as animações das diferentes personagens estão bem conseguidas, sendo Chai o grande destaque, obviamente.
Joguei num computador com uma RTX 3060 e um Ryzen 7 5800H, com todas as definições em “High” e a 1080p/60fps e tirando pequenos soluços em certas zonas em que o jogo fazia “auto-save”, não tive praticamente nenhum problema adicional, o port está muito bem conseguido e sem nenhum dos problemas modernos mais habituais de jogos no PC.

Ao nível da banda sonora, composta por Shuichi Kobori, Reo Uratani e Masatoshi Yanagi, é incrível, concedendo a cada área que visitamos o seu som único, distinguindo-as e dando um desafio adicional a cada jogador para se habituar aos novos ritmos, além disso são usadas músicas licenciadas nas lutas contra bosses, de bandas como “Nine Inch Nails” e “The Joy Formidable”.

Em relação à jogabilidade, o mais essencial num jogo que se enquadre neste género, é excelente, focando-nos em ação rápida associada ao ritmo de cada música, o que o tornou para mim o jogo mais difícil neste género que já joguei em 15 anos, pois eu simplesmente não consigo percecionar ritmos e executá-los como outras pessoas, felizmente mesmo assim é perfeitamente possível usufruir do jogo sem ser bom com ações rítmicas, pois tudo o que impacta é o dano que os nossos ataques fazem de forma ligeira e o “rank“ que obtemos no final da luta.

Ao longo da aventura vamos desbloqueando a capacidade de usar diferentes ajudantes em combate, algo que torna o combate ainda mais dinâmico e divertido, porém também pode torná-lo mais caótico com todas as partículas e sons vindos de todos os lados, pelo que recomendo ativar o ajudante de ritmo que o jogo tem, pessoalmente não me ajudou muito mas é uma boa ajuda para pessoas que não consigam encontrar o ritmo em lutas mais caóticas.

Os inimigos neste jogo têm uma boa variedade, havendo sempre algum novo em cada nível, e os bosses além de únicos são extremamente divertidos e desafiantes de se enfrentar, porém é nas lutas que vem o meu maior problema com o jogo…

Ao fazer um certo dano nos inimigos e bosses, por vezes eles ativam (no caso dos bosses é nas transições de fase) uma espécie de duelo isolado contra nós, em que temos de dar “parry” aos seus golpes para prosseguir, o problema é que precisamos de acertar todos os ataques, ou seja, basta falhar um e temos de repetir, e no caso dos bosses só prosseguimos na luta quando o fizermos, o que se torna não só aborrecido como frustrante, pois por vezes podemos ficar 5 minutos na mesma sequência de ataques, falhar um na segunda sequência e regressar ao principio, sinto que podiam ter mitigado este problema com uma barra que encheria a cada “parry” e passado um certo limite prosseguíamos.

Quanto aos níveis, o jogo possui 12 niveis distintos, cada um deles com a sua duração, e embora todos tenham uma estrutura divertida de se explorar, cheios de colecionáveis por encontrar e sítios para se regressar depois de se acabar o jogo, sinto que alguns deles são demasiado extensos para o seu próprio bem, tanto temos capítulos de 10 minutos como vários de 1 hora ou mais, o que não é mau por natureza, mas em alguns dos mais longos senti várias vezes que podiam ter reduzido a sua longevidade, pois começavam a ficar algo repetitivos.

Em suma, “Hi-Fi Rush” é um deleite do inicio ao fim, com uma ação frenética e combate capaz de rivalizar com “Devil May Cry” e “Bayonetta”, e uma banda sonora que dá imensa personalidade ao jogo, este jogo foi um autêntico “Home-Run” por parte da Microsoft e Tango Gameworks, pelo que lhe atribuo um 9/10.

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