Análise – Armored Core VI: Fires of Rubicon

Após mais de uma década a ser aclamada por jogos inseridos no estilo “Souls”, a From Software regressa agora a uma das suas primeiras e mais importantes franquias com um novo jogo que promete também ser o mais acessível na série apesar da dificuldade acentuada.

A narrativa segue 621, um mercenário independente que após chegar a Rubicon, um planeta desolado por conflitos entre várias corporações por um precioso recurso denominado “Coral”, toma o nome de “Raven” e começa a aceitar missões das diferentes partes envolvidas no conflito, ajudando a que paga melhor, mas à medida que a história avança começam a convergir estas decisões em resoluções completamente diferentes conforme o que decidimos em momentos chave da narrativa, algo muito interessante e que ajuda bastante a rejogabilidade deste jogo, havendo mesmo bosses finais diferentes e missões distintas em cada “playthrough” que fizermos que ajudam a melhorar a história e as relações entre as personagens que vamos conhecendo.

Visualmente o jogo é provavelmente o melhor da From Software até hoje, muito pela sua direção artística incrível e impactante, dando a cada zona um ar distinto e a muitos dos cenários de guerra um aspeto épico que deixa o jogador entusiasmado para se aventurar por eles.
Realço ainda que, felizmente, ao contrário de “Elden Ring” que corria muito mal na PS5, este jogo corre praticamente a 60 fps constantemente, salvo certos confrontos mais puxados ao nível de partículas e inimigos em simultâneo, mas mesmo esses momentos de quebra são infrequentes e rapidamente a fluidez retoma o nível habitual.

A banda sonora, composta pelo compositor habitual da franquia Kota Hoshino, é também excelente, em especial durante momentos chave da narrativa e confrontos com bosses, de onde realço em especial o tema “Steel Haze (Rusted Pride)”, que é sem dúvida o meu favorito no jogo e um dos melhores do ano até agora.

Ao nível da jogabilidade, “Armored Core VI: Fires of Rubicon” é bastante frenético e imperdoável como a From Software já nos habituou, mas apesar de toda esta intensidade os controlos do nosso robô são estupendos, senti-me um com o meu mecha durante as sensivelmente 50h que passei com o jogo em mãos, são muito responsivos e permitem tornar até as mais simples lutas em duelos épicos de balas e faíscas a voar pelo ecrã em nosso redor.

A estrutura do jogo resume-se a diferentes missões com zonas diferentes para explorar e durações variadas conforme o objetivo pretendido, ainda assim senti que algumas missões podiam ter sido facilmente aglomeradas com outras, pois são mesmo muito curtas, ainda assim é bastante divertido voar pelos cenários a destroçar todas as forças inimigas. Fiquei um pouco desiludido pela exploração, pois apesar de certos níveis terem novas partes para o nosso robô e inimigos secretos para encontrar denota-se um fraco foco na exploração, acabando o jogador por ignorar muito do que os cenários têm para oferecer simplesmente por não existir um incentivo maior para nos aventurarmos.

O grande destaque do jogo são os confrontos com os bosses, na sua maioria excelentes e bastante desafiantes, testando as nossas capacidades não só de combate como de movimento com o robô ao máximo, havendo diversos tipos de bosses para enfrentar ao longo das largas dezenas de missões.
No entanto há um boss em específico que sinto que abusaram nas suas habilidades, fazendo lembrar Malenia em “Elden Ring”, o boss é bem mais rápido, agressivo e os ataques fazem mais dano que os restantes no jogo e desta vez não é simplesmente opcional como Malenia mas sim obrigatório à progressão, algo que vejo ser um pouco aborrecido para os jogadores mais casuais, pois é um salto de dificuldade demasiado acentuado.

O jogo tem também um foco em personalização e construção de diferentes partes no nosso robô, o que pode mesmo facilitar certas lutas dependendo do que escolhermos, mas pessoalmente senti que muitas das ferramentas dadas nas primeiras horas de jogo são melhores que qualquer coisa mais tardia, o que foi um pouco bizarro, mas rapidamente consegui arranjar um set que me facilitou um pouco a vida nestes bosses e armas como a espada são extremamente divertidas de se usar contra estes conflitos de maior escala.

Para adicionar ainda mais rejogabilidade além dos diferentes finais e escolhas de missão, o jogo oferece também classificações quando repetimos missões, sendo S a classificação mais alta, algo que é extremamente desafiante em algumas missões pois o jogo em lado algum nos diz os critérios de classificação sendo frustrante por vezes termos A e noutras termos S quando a performance foi quase idêntica, o que não é ajudado porque só nos são atribuídas classificações no menu de “Replay Mission”, não as atribuindo em cada novo “playthrough”, o que se torna chato porque se quisermos S temos de fazer cada missão no mínimo 4 vezes.

Como já é habitual, este jogo utiliza as funcionalidades do Dualsense, nomeadamente o “Haptic Feedback” mas não usa os gatilhos adaptativos, deixando-me um pouco desiludido mas pelo menos a implementação da vibração háptica está muito bem conseguida e atribui muito impacto a cada confronto.

Em suma, “Armored Core VI: Fires of Rubicon” é um jogo excelente que apesar de alguns percalços faz jus ao catálogo moderno da From Software e nos dá uma experiência desafiante e frenética, pelo que lhe atribuo a nota de 8.5/10.

Armored Core VI: Fires of Rubicon no OpenCritic

Leave a comment