Análise – Sifu (PS5)

Dos criadores de “Absolver”, Sloclap, “Sifu” é um jogo independente de ação com ênfase em artes marciais em que o protagonista à medida que morre em combate envelhece, tendo sido lançado para PS4, PS5 e PC (Epic Games Store).

Sifu” conta a história do protagonista do mesmo nome, numa demandada por vingança contra o assassino do seu mestre.
A narrativa é bastante simplista e não muito elaborada, mas resulta bem neste jogo, dada a sua natureza relembra as histórias de muitos filmes de combate dos anos 70 e 80.

No campo sonoro os elogios são muitos, o áudio é incrível à medida que navegamos os diferentes níveis do jogo, captando até coisas pequenas como moscas nos caixotes do lixo ou o som de metal ao bater em mesas, diria que só peca por estes efeitos terem um volume um pouco excessivo, mas nada que arruíne a experiência. A banda sonora é também competente, composta por Howie Lee, começa algo genérica, no entanto à medida que progredimos começamos a ouvir algumas músicas que enfatizam a intensidade dos diferentes combates.

No total, este jogo apresenta 5 níveis distintos, todos eles correspondentes a um boss diferente que Sifu tem de derrotar nesta jornada de vingança.
Nessas zonas o caminho é geralmente linear, porém a exploração é incentivada não só para Sifu conseguir continuar a desvendar todos os segredos por detrás de toda esta trama, como para desbloquear atalhos noutros níveis que tornam a sua travessia em repetições do nível muito mais rápida e segura para minimizar o número de mortes o máximo possível.

Cada um destes locais é visualmente distinto e em especial, o terceiro capítulo, um museu de arte, sendo capaz de ser dos melhores níveis ao nível artístico com o qual me deparo em imenso tempo, tendo diversas zonas e cada uma delas com o seu próprio estilo artístico, bem como os itens de combate mais únicos do jogo, sendo no geral um deleite de se experienciar e uma autêntica viagem psicadélica a certo ponto que recomendo imenso.

Ao nível visual como um todo, “Sifu” é muito apelativo, possuindo um estilo artístico característico que dá vida a todas as localidades que visitamos com bastante sucesso, correndo a uns quase perfeitos, tirando uma zona especifica, 60fps a 4K.

A jogabilidade é onde “Sifu” mais brilha e como um todo é um combate extremamente satisfatório em que a certo ponto senti que estava eu próprio a fazer as minhas próprias coreografias de filme de artes marciais. Cada “Parry” ou desvio são altamente satisfatórios e fazem a nossa personagem com o tempo parecer um autêntico exército de um só homem, capaz de limpar salas inteiras de bandidos em poucos segundos e extrema eficácia.
Uma das minhas mecânicas favoritas é o desvio no próprio local em que a nossa personagem não se mexe e apenas desvia a cabeça e tronco para evitar os ataques, fazendo lembrar “Matrix” e se for bem dado num grupo de inimigos eles podem atingir-se uns aos outros e tornar as lutas bastante dinâmicas e divertidas.
O grande destaque do jogo são as lutas com os bosses que põem à prova tudo o que aprendemos ao longo desta aventura e são incríveis de se enfrentar, sendo essencial levar ao crescimento da sua barra de “Structure” que funciona como a postura em “Sekiro” e não tanto na sua barra de vida.

No entanto, nem tudo é perfeito neste jogo, não só a câmara consegue ser bastante fraca em locais apertados como os próprios “timings” das diferentes habilidades defensivas são inconsistentes, sendo frustrante quando fracassamos por essa mesma razão.
Também realço que o jogo deixa um pouco a desejar na leitura de ataques baixos, porque são bem mais rápidos que os restantes e não têm quase nenhuma indicação, como o símbolo vermelho e efeito sonoro em “Sekiro” por exemplo, deixando-nos indefesos a não ser que nos deixemos atingir.

Um dos momentos em que Sifu adota perspetiva 2D e faz referência a outros Beat-em-Up e filmes de artes marciais.


Ainda assim o combate em “Sifu” é uma das experiências mais divertidas de corpo a corpo de tempos recentes e sinto que com algumas atualizações os produtores poderão aperfeiçoar a experiência.

De notar, porém, que “Sifu” é um jogo bastante difícil, sendo a sua mecânica chave a do envelhecimento do protagonista à medida que morre, quando a sua idade chega aos 80 o jogo termina e o jogador tem de repetir a sua jornada, mas ao contrário de outros jogos do género não só podemos repetir todos os níveis que tivermos terminado independentemente da ordem, como à medida que derrotamos certos inimigos especiais nos diferentes níveis a nossa contagem de mortes decresce e envelhecemos menos anos a morte seguinte, sendo por isso possível ter mais de 10 “vidas” por cada tentativa de completar o jogo. Também com o tempo é possível acumular pontos de experiência com o qual podemos desbloquear de forma permanente diversas habilidades para nos ajudarem na nossa jornada, independentemente se recomeçámos o ciclo ou não.

Ao contrário do que inicialmente esperava, quanto mais progredi neste jogo menos senti que tivesse uma estrutura “Roguelike” embora o conceito de mortes dê essa ideia. “Sifu” é na sua essência um beat-em-up 3D, reminiscente de “Streets of Rage” ou “Final Fight“, tendo mesmo uma pontuação em cada nível que quanto maior for, causa melhorias na nossa personagem se assim o decidirmos em pequenos altares onde melhoramos a nossa personagem e restauramos alguma saúde. Sendo portanto incentivada a repetição dos diversos níveis várias vezes até aperfeiçoarmos a nossa pontuação e morrermos o menor de vezes possível, algo que até gostei embora sinta que certos bosses por padecerem dos problemas já mencionados por vezes não dependem só da nossa habilidade, ainda assim cada vez que voltei a cada boss estava melhor e sentia-me em controlo da luta progressivamente.

Outro dos grandes destaques desta experiência é a implementação do Dualsense, sendo absolutamente fantástica, o “Haptic Feedback” não só capta o meio ambiente que nos rodeia, como chuva e luzes intermitentes como sentimos o impacto de cada golpe que desferimos nas nossas próprias mãos, implementação verdadeiramente cinco estrelas por parte deste jogo.

Em suma, “Sifu” é um jogo sensacional de artes marciais, ostentando um dos melhores sistemas de combate corpo-a-corpo modernos, mas a sua elevada dificuldade não é para todos, especialmente se forem pessoas que não gostam de repetir os mesmos níveis vezes sem conta. Com isto posto atribuirei a “Sifu” a classificação de 8/10.

Sifu no OpenCritic


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