Nexomon: Extinction – Análise

Nexomon: Extinction é um monster catching RPG desenvolvido pela VEWO Interactive Inc. e publicado pela PQube Limited. É uma sequela do jogo Nexomon lançado para Android, iOS e na Steam, e está disponível para PC (Steam), PlayStation 4 e Nintendo Switch com lançamento previsto também para a Xbox One.

Agradecemos à Ecoplay por nos ter fornecido um código para a análise deste jogo.

Nexomon inspira-se fortemente nas primeiras gerações de Pokémon em vários aspectos. O art style 2D de alta definição dá-lhe um charme próprio onde as localizações conseguem ser variadas e agradáveis com bastantes animações no background e vários detalhes pelo mundo. Cada zona tem a sua própria identidade graças à aplicação da palete de cores diferentes e os vários objectos e pormenores utilizados, com um número surpreendente de modelos de NPCs únicos e vários Nexomon para apanharmos. Podemos imediatamente assumir que temos de ir a Ignicia (cidade localizada num vulcão, rodeada de lava) para encontrar Nexomon de fogo, ou, se precisarmos de Nexomon de água, a Frozen Tundra (uma zona gelada) será o melhor sítio a explorarmos. Os modelos do jogador, NPCs, Nexomon, etc sobressaem-se imenso em relação ao background, o que ajuda na claridade do jogo; contudo, por várias vezes senti que isso acontecia por causa da disparidade excessiva entre o desenho dos modelos e o mundo/background, como se não tivessem sido desenhados com estilos iguais.

Os designs dos Nexomon em si variam entre aborrecidos e fracos a interessantes, o que é de esperar de um jogo deste tipo com mais de 300 monstros diferentes. O sentimento para com o aspecto de cada um irá variar com certeza entre cada jogador, mas, a meu ver, não fiquei surpreendido em comparação a outros jogos dentro do género.

A interface em si faz um péssimo trabalho em mostrar o que está a acontecer em combate. Ataques que afectassem o stats de um Nexomon não mostravam os seus efeitos em ecrã, deixando-me confuso em relação ao que é que tinha acabado de acontecer e sem saber se o meu Nexomon tinha acabado de ter o seu ataque reduzido, ou a defesa.

A performance era muito instável na PS4, variando entre os 30 ou menos fps e os 60 fps que deviam ser constantes na consola. Embora os loading times sejam rápidos e praticamente inexistentes em fast travel, a optimização do jogo podia ser bem melhor.

Não esperem muito do sound design e efeitos sonoros: contem apenas com os sons genéricos de um indie de baixo orçamento, como os passos do protagonista no meio das folhas altas ou os impactos dos ataques repetitivos dos Nexomon. Não há grande feedback a partir do som tirando o “apito” irritante que ouvem quando o vosso Nexomon está com HP baixo.

Já a banda sonora até me impressionou. A melodia durante a exploração do mundo lembrava-me dos JRPGs tradicionais das eras da SNES e PS1, e durante os combates tínhamos um som bombástico e excitante para nos motivar. Infelizmente não encontrei a OST no YouTube nem no Spotify para deixar aqui como exemplos.

Os eventos de Nexomon: Extinction passam-se mil anos depois de Nexomon e mostram as consequências do primeiro jogo, após heróis derrotarem Omnicron, o antigo rei dos Nexomon. Agora, vários Tyrants, descentes de Omnicron, lutam entre si pelo trono de rei dos Nexomon enquanto são caçados por dragões. O protagonista encontra-se no meio desta guerra e, tornando-se um tamer, começa a realizar tarefas e a resolver o conflito entre os Tyrants.

Confesso que não tinha grandes expectativas para a narrativa, mas o tom cómico, as frequentes 4th wall breaks e self-awareness com as personagens constantemente a questionar a própria lógica do jogo e do enredo fizeram-me rir várias vezes e transformaram uma história genérica e aborrecida numa narrativa divertida e leve.

Como é de esperar de um monster catching RPG, passamos a maior parte do tempo a apanhar Nexomon e a usá-los para combater. Cada Nexomon tem apenas um tipo e cada tipo é forte ou fraco contra outros. A base do loop de gameplay é abusar das vantagens de tipo e de status effects (sleep, poison, etc) e para isso temos de criar uma equipa de Nexomon variada em tipos. Para apanharem Nexomon precisam de Nexotraps, devem enfraquecer o Nexomon que encontram ao reduzir-lhe a vida e utilizar status effects (nada de novo). Têm também comida que podem oferecer aos Nexomon para aumentar a probabilidade de captura, sendo que cada Nexomon tem vários tipos de comida diferentes, bem como Nexotraps únicas para cada tipo. Para além de todos estes factores, ainda há um “minijogo” para apanhar o Nexomon: depois de atirarem a Nexotrap, devem carregar nos botões que aparecem no ecrã para aumentar a probabilidade de sucesso (uma boa forma de adicionar interactividade a cada captura, principalmente para aqueles jogadores de Pokémon que carregam repetidamente no A quando apanham um Pokémon!). Infelizmente, após apanhar uma dúzia de Nexomon, senti pouca necessidade de apanhar mais. Para além de quererem apanhá-los todos, não há incentivo em ter grande colecção de Nexomon, até porque o grind é um dos maiores problemas do jogo.

Os níveis dos inimigos não estão ligados a cada zona, mas sim ao vosso progresso na campanha, ou seja, outros tamers e Nexomon selvagens que encontram estarão sempre por volta do nível da vossa equipa. É uma boa ideia já que até vos deixa combater contra tamers que já derrotaram antes, mas a execução deixa a desejar. A cada duas ou três horas de progresso que fazia no jogo, via-me obrigado a fazer grind da minha equipa porque embora fizesse todos os combates que encontrava, os meus Nexomon acabavam por ficar para trás em níveis, e lá perdia eu algum tempo a tentar melhorá-los. A falta de EXP Share (conheço fãs de Pokémon que odeiam esse item, mas como eu detesto grind, é uma dádiva) levou-me à repetição excessiva de tarefas e a uma sensação de tempo perdido. Felizmente os Nexomon têm 4 slots para cores, itens que podem equipar para aumentar certos stats. Eu construí 4 cores de EXP adicional para reduzir o grind. Os cores são importantíssimos e tentem fazer alguns cores de Ataque e Defesa para tornar as batalhas mais fáceis. Podem fazer os cores com shards que encontram pelo mapa (especialmente em caves), ou ganhá-los através de quests.

O jogo tem bastantes quests opcionais onde ganham itens e dinheiro, ambas coisas de grande importância: fartei-me de utilizar itens nas batalhas e tive de lutar várias vezes contra outros tamers para ganhar dinheiro para comprar mais itens. Os Nexomon são bastante frágeis em batalhas longas, por isso poções e elixirs são essenciais e tinha de ter sempre uma grande quantidade deles à mão.

Para além de uma barra de vida, cada Nexomon tem uma barra de stamina, que é utilizada para atacar. Cada ataque tem um custo de stamina diferente e se não tiverem que chegue, o vosso Nexomon não irá atacar e sim regenerar 10 pontos de stamina. Uma das minhas estratégias durante a fase final do jogo era usar um ataque que absorvia a stamina dos inimigos, esgotando assim a stamina dos bosses e forçando-os a terem de esperar um turno para poderem voltar a atacar (os inimigos não usam itens, o que torna mecânicas destas bem mais abusadoras). Todavia, esta estratégia acabou por explodir na minha cara no boss final, que necessitava de 25 pontos de stamina para regenerar a vida e passar para a próxima fase. Como o boss não passava para a próxima fase porque sempre que regenerava 10 pontos, gastava-os num ataque normal, ficava preso com 1 ponto de vida. Só depois de ter explorado os fóruns do jogo online é que me apercebi do porquê estar preso, e recomecei a fase final do jogo toda de novo para melhorar os meus Nexomon de forma a derrotá-lo da forma “convencional”.

Um dos aspectos mais desapontantes durante o meu progresso pelo Nexomon: Extinction é que cada Nexomon tem um número muito limitado de ataques e, após um certo nível, ele vai simplesmente reaprender os mesmos ataques. Irão aperceber-se que por volta do nível 20 e tal ou trinta dos vossos Nexomon já têm a melhor combinação de ataques possível.

Por fim, deixo uma observação em relação aos menus do jogo: são lentos de navegar, e coisas como equipar cores ou ler a database de Nexomon são incómodos que dão muito mais trabalho do que deviam.


Embora Nexomon: Extinction tenha um charme próprio graças ao seu enredo, nenhum outro aspecto do jogo o destaca dentro do género. Confesso que tendo em conta o género, esperava que Nexomon inovasse e melhorasse o loop introduzido por Pokémon (não há forma de esconder a inspiração do jogo), mas falhou completamente em oferecer-nos uma aventura memorável graças ao desequilíbrio no gameplay, com um grind enfadonho e poucas novidades. Atribuo uma classificação de 5 em 10 ao jogo já que até me diverti em certas alturas. Se procuram um jogo focado em coleccionar monstros e combater com eles, aconselho Digimon Story: Cyber Sleuth ou Ni no Kuni primeiro.

Nexomon: Extinction no OpenCritic


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