Análise: “Megaquarium”

Passando horas da minha infância a jogar Tycoons (High School, Zoo, Rollercoaster) e perdendo a esperança que estes simuladores de nicho voltassem a marcar presença na indústria atual, fui surpreendido com o renascer do género estes últimos dois anos graças a Planet Coaster, Big Pharma e Two Point Hospital”. Megaquarium, da Twice Circled (developer de Big Pharma), projecta o género para a frente, mantendo o charme dos clássicos.

Megaquarium foi lançado no dia 13 de setembro de 2018 para o PC. Agradeço à Twice Circle por disponibilizar o código. 


Megaquarium é um simulador no qual o objectivo é gerir um aquário. Para tal, cabe ao jogador assumir todas as tarefas de gestão como escolher o staff, o espaço do aquário, os preços da mercadoria. Sem restrições no modo sandbox, que permite ao jogador escolher o seu estilo de jogo, tendo uma diversidade de opções que podem ser alteradas, torna cada experiência do jogo diferente da anterior. Ter objectivos secundários significa que o crescimento vai depender inteiramente do projecto que estabelecemos, os mercadores facilitam a aquisição de novos animais. Por outro lado, o modo de campanha, estende-se por 10 níveis nos quais nos são dados objectivos diferentes, que após cumpridos, desbloqueiam o próximo nível. À partida a campanha deveria ser mais restritiva, tornando os desafios refrescantes e diferentes, porém, à excepção de uma missão que apenas permite um espécime de cada animal e outro que apenas permite animais de maior porte na exposição, as missões são extremamente repetitivas. As primeiras quatro resumem-se a um tutorial e as restantes (à parte das duas mencionadas) resumem-se ao modo sandbox com o objectivo de chegar a um certo rank ou número de visitas.

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A liberdade de opções no sandbox permite experiências diferentes

Apesar de parecer algo simplístico à primeira vista, ao progredir no jogo é perceptível a profundidade. Confesso que por mais que uma vez achei que tinha a situação controlada até os meus animais começarem a morrer um a um. À medida que o nosso aquário cresce vamos ganhando estrelas, de acordo com a qualidade do mesmo. Um menu permite-nos observar o quão perto estamos do próximo rank, o que desbloqueamos a seguir e o qual é a opinião dos visitantes. Porém, é frustrante observar a quantidade de pontos positivos que temos face aos negativos e ver que mesmo assim estamos a perder estrelas, como aconteceu diversas vezes (a crítica mais comum dos visitantes era quase sempre a falta de caixotes do lixo, mesmo após rodear um deles com quatro). O A.I. dos visitantes não facilita de maneira nenhuma a experiência. Para maximizar a visibilidade de cada aquário, é necessário colocar setas no chão para guiar o caminho dos visitantes. Porém na maior parte dos casos, estes escolhem ignorar por completo a ordem da visita e seguem simplesmente o seu caminho, perdendo-se a visibilidade em exposições fora do seu caminho.

Existam outras duas métricas que são a ecologyresearch. A primeira serve para descobrirmos espécies diferentes, a segunda para descobrirmos novos engenhos como aquecedores para os aquários, filtros, novos tipos de aquário. Cada animal adiciona pontos a estas categorias e adicionalmente podemos agendar palestras que exponenciam a produção de cada um destes números temporariamente.

Cada espécie tem necessidades e bónus diferentes. As necessidades básicas resumem-se a alimentação e temperatura de água, complicando-se com a especificidade de cada espécie. Alguns animais precisam de espaço para nadar, outros só sobrevivem em cardume, alguns podem-se alimentar de animais de porte menor. Dependendo da sua raridade, cada espécie tem um número de estrelas diferentes, podendo dar também pontos de ecology ou research. Dependo depois da espécie, é necessário ambientar o aquário às suas necessidades. Espécies de água fria precisam de temperaturas mais frias, espécies que precisam de nadar tem que estar em aquários maiores. Seria muito mais fácil para o jogador se fosse possível ajustar os aquários após estarem colocados, porém se for preciso mover os animais de um lado para o outro, é preciso criar um aquário novo.

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O jogador apoia-se no staff que recruta para a sobrevivência do aquário. Um menu permite recrutar trabalhadores que se especializam em tarefas diferentes. De acordo com os seus pontos, a sua qualidade nessas tarefas difere. Existem cinco diferentes que são: alimentar, arranjar, limpar, loja e falar. As duas primeiras são essênciais para a sobrevivências dos aquários enquanto que as outras complementam o progresso. A loja refere-se à gerência dos loja de produtos (podemos vender guias, peluches, balões, chapéus), limpar à capacidade de limpar a desordem que os visitantes causam (apesar de terem um caixote do lixo ao lado) e falar à capacidade de fazer palestras com maior qualidade. Para facilitar a tarefa nos níveis mais à frente, é possível criar zonas de actuação para cada staff, maximizando a sua capacidade. Tal como os visitantes, o A.I. do staff nem sempre coopera. Mais do que uma vez, vi um trabalhador a dar a volta ao aquário para ir buscar um pedaço de comida que tinha ao lado, o que se torna especialmente frustrante nos níveis mais avançados, quando precisamos que estejam à eficácia máxima. Ao longo do jogo, os trabalhadores vão evoluindo e podemos melhorá-los de acordo com a sua capacidade. Os seus stats (memória, precisão, fitness) ditam a sua capacidade para cada tarefa. Seria no entanto útil uma opção de auto leveling visto que se podem tornar disruptivos os popups constantes.

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Os tubarões estão especialmente bem animados

Esteticamente simplista mas funcional, os gráficos têm pouquíssimas falhas e as animações são fluídas apesar de serem bastante básicas. O áudio resume-se às mesmas quatro músicas a repetirem em loop pela mesma ordem (chegou a um ponto em que já adivinhava o que vinha a seguir), mas não se torna cansativa. Em termos de UI o jogo precisa de alguns melhoramentos. Era importante ter um inventário (quando se fazem trocas ou cumprem-se objectivos, as espécies ficam no log de mensagens, é preciso dar um scroll imenso para se chegar a onde eles estão), poder apagar mensagens na caixa, poder ordenar as espécies por género, alimentação, necessidades (mais que uma vez interroguei-me sobre quais eram os bullies ou wimps, tipos de peixes, tendo de procurar os símbolos um a um em cada espécie) ou simplesmente diminuir o tamanho do U.I. que ocupa imenso espaço do ecrã. Em pequena nota, apesar de os settings estarem perfeitos, seria necessário adicionar um menu de controlos, especialmente para possibilitar o quick saving, que não existe no jogo.


Megaquarium é de longe perfeito, mas no que toca a simuladores é das melhores experiências disponíveis. O nível de liberdade permitido no sandbox possibilita a replayability, apesar da campanha ser mais restritiva, e a fluidez do jogo não o torna cansativo. Porém, algumas das falhas no que toca ao A.I. e U.I. podem ser algo disruptivas. Sendo assim atribuo 7,5 em 10 valores. Como nota final, quero deixar o meu apreço ao comprometimento que a Twiced Circle tem com o jogo, estando atenta aos fóruns e a lançar actualizações.

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