Análise – Ratchet & Clank: Rift Apart

Depois de “Spider-Man Miles Morales” e a versão remasterizada de “Marvel’s Spider-Man”, a Insomniac Games continua a melhorar o catálogo da PS5, desta vez com um jogo completamente exclusivo da nova consola da Sony, “Ratchet & Clank Rift Apart”.

Decorrendo alguns anos após os eventos de “Into the Nexus”, este jogo começa com uma cerimónia em homenagem aos heróis titulares desta aventura, mas rapidamente a situação se descontrola e o Dr.Nefarious provoca uma crise interdimensional que resulta num jogo em que Ratchet e Clank devem viajar não só por diversos planetas como também dimensões distintas na esperança de poderem parar o plano de Nefarious.

Durante esta jornada rapidamente somos introduzidos a Rivet, uma Lombax pertencente a uma dimensão onde Nefarious controla praticamente todo o universo. Como um todo gostei bastante desta nova personagem, é suficientemente distinta de Ratchet no que à personalidade diz respeito e foi bastante agradável ver o seu desenvolvimento ao longo da narrativa.

Ao nível visual este jogo é simplesmente soberbo, é facilmente o jogo mais bonito que já joguei, não há muito mais para elaborar neste departamento porque os resultados são facilmente visíveis em todas as imagens espalhadas por esta análise, é um filme da Pixar interativo, recheado de detalhe e diria que se há jogo onde vale a pena usar e abusar do modo de fotografia é este.
Cada um dos planetas que visitamos é estonteante e visualmente diverso, desde dos bairros apertados de Nefarious City à floresta e pântanos de Sargasso, o jogador é constantemente apresentado a diversos biomas, sendo alguns apenas exploráveis por Ratchet e outros reservados a Rivet. Mas o meu favorito foi mesmo Blizar Prime, que nos permite trocar entre 2 planetas diferentes de forma instantânea e foi sem dúvida um dos melhores momentos que já vi num videojogo, é magia pura quando acontece e depois quando o fazemos diversas vezes sucessivas para resolver puzzles nunca deixa de ser impressionante.

Em termos de opções são 3 os modos ao dispor do jogador: “Fidelidade”, correndo a 4K com Ray Tracing, “Performance”, dispondo mais uma vez de 4K mas sem Ray Tracing com 60fps e, por fim, “Performance RT”, um modo que se encontra entre 1080 e 1440p a 60fps mas com todas as características relacionadas com Ray Tracing presentes.

Pessoalmente joguei no modo “Fidelidade” dada a natureza mais cinemática da apresentação e visualmente foi incrível, mas qualquer um dos outros irão ficar bem servidos, ressalvo no entanto que consideraria Ray Tracing algo obrigatório neste jogo, muitas zonas foram desenhadas com a tecnologia em mente e então sem isso ativo certos materiais ficam com um aspeto estranho, pelo que se quiserem manter performance intacta e ainda assim usufruir dos benefícios que traz, o modo “Performance RT” é facilmente o que mais recomendo.

O áudio, infelizmente é onde o jogo peca ligeiramente, não é mau mas o volume e a mistura de som deixam bastante a desejar, por vezes exigindo um aumento considerável do volume da TV para se conseguir perceber nitidamente e mesmo assim em cenas muito caóticas encontrei alguns diálogos impercetiveis sem legendas.
A banda sonora é boa, no entanto notei que por vezes não tocava tanto quanto gostaria, talvez por culpa da fraca mistura do som, espero que a Insomniac no futuro consiga corrigir isto porque o trabalho vocal tanto na versão original como na habitual localização Portuguesa está muito bem conseguido, em especial Rui Paulo no papel de Nefarious, conseguindo capturar na perfeição a vertente mais engraçada de Nefarious sem descurar quando necessita de ser mais sério.

Falando da jogabilidade o grande destaque vai sem dúvida para a mecânica que dá nome ao jogo, os “Rifts”, que utilizam o SSD incrivelmente rápido da consola para nos transportar em tempo real de uma forma quase instantânea entre dimensões e locais no mesmo planeta, normalmente estão reservados para cenas e locais específicos, no entanto quando acontecem são sempre impressionantes e nunca me cansei destas sequências.

A restante jogabilidade é em muito semelhante aos anteriores jogos da franquia, porém as adições ao nível da mobilidade além de bem-vindas revolucionam completamente a diversão e criatividade de algumas cenas mais focadas em plataformas, desde da capacidade de correr nas paredes à existência de um impulso horizontal nunca foi tão divertido atravessar estes planetas num “Ratchet & Clank” e o jogo recompensa esta criatividade com alguns colecionáveis que podem ser obtidos por jogadores mais talentosos antes do suposto.


O impulso melhora também os tiroteios e diversos bosses que enfrentamos ao longo desta aventura, porque nos permite por momentos breves desviar por completo do ataque inimigo, o que aliado aos já típicos saltos e constante mobilidade da franquia tornam certas lutas umas autênticas coreografias de destruição que irão deleitar os fãs e não só com o seu aspeto, mas também em qualidade, onde estes bosses estão muito acima dos jogos anteriores, sendo evidente logo a partir da primeira luta.
Estas sequências são não só frenéticas como nos obrigam a utilizar ao máximo todo o arsenal e mobilidade ao nosso dispor, senti que acima de tudo os confrontos principais deste jogo têm mais diversidade e ataques mais vistosos que os jogos anteriores, levando a lutas mais envolventes e interessantes.

Em termos de planetas, o jogo possui 9 planetas por explorar, cada um cheio de colecionáveis e diferentes atividades por fazer, uma dessas atividades sendo pequenas dimensões onde temos de participar em rápidos desafios de plataformas para alcançar peças de armadura que mais tarde podemos equipar. E embora tenham algumas regalias, são na sua maioria cosméticas.

Falando nesta divisão de personagens, elas são na sua maioria idênticas, tudo o que Ratchet possui a um dado momento ou é capaz de fazer, Rivet mantém tudo isso. Parte de mim gostaria que se tivessem diferenciado um pouco mais, mas no geral resulta bastante bem e rapidamente fiquei contente por todo o progresso ser uniforme não exigindo investir mais numa personagem ou noutra.

O Dualsense é mais uma vez a estrela da jogabilidade, através do “Haptic Feedback” podemos sentir o impacto da destruição das caixas bem como cada parafuso que recolhemos, o que aliado à sensação dos passos do Ratchet torna a experiência muito mais imersiva, além disso como não poderia faltar, os gatilhos adaptativos marcam presença e não desiludem, cada arma tem uma resistência distinta e algumas têm modos alternativos de disparo com o quanto mais força aplicamos no gatilho, o que é muito mais intuitivo do que aquilo que soa, é fácil a adaptação e torna mais dinâmica a jogabilidade, dando a cada arma uma sensação distinta.

Falando em armas, o arsenal diverso e por vezes ridículo da franquia mais uma vez aqui não desilude, diria mesmo que este jogo tem as minhas armas favoritas de qualquer um deles, especialmente porque as dificuldades mais altas incentivam ao improviso e troca constante de armas, levando a situações onde eu já estava a trocar de arma para cada situação por puro instinto. Neste departamento destaco o “Mr. Fungagá” que faz lembrar o Mr. Zurkon de jogos passados e ajuda bastante em situações mais apertadas e que requerem uma retirada da nossa parte.

Ao longo da experiência encontrei alguns bugs ao nível da colisão, mas foram pouco frequentes e mesmo assim pouco inconsequentes tirando uma vez que fiquei preso dentro de um contentor e tive de reiniciar o checkpoint, o que com loadings inferiores a 3 segundos não é muito chato.

O jogo durou-me cerca de 12 horas para obter a platina e à volta de 14 para o 100% completo no menu do jogo, mas apesar do número de horas relativamente reduzido senti que teve a duração ideal, não tentou estender o tempo de jogo de forma artificial nem arranjar formas de prolongar a história com coisas mais enfadonhas, o jogo leva a sua narrativa até onde pretende e acaba no instante que os escritores decidiram. Sinto que é uma experiência de qualidade acima de quantidade, muito porque as horas passadas neste jogo foram das melhores que passei num jogo em muito tempo, já para não falar que caso queiram existe um “Challenge Mode”, o equivalente a NG+ deste jogo, algo que adiciona uma certa ‘re-jogabilidade’ especialmente se quiserem melhorar ao máximo as armas no vosso arsenal.


Concluindo, a minha experiência com este jogo foi simplesmente incrível, é não só o melhor da franquia como um dos melhores exclusivos lançados pela Sony, desde da jogabilidade frenética aos visuais simplesmente mágicos é algo que recomendo a toda a gente que tiver a sorte de possuir uma PS5, pelo que atribuo a “Ratchet & Clank: Rift Apart” a nota de 9.5/10.

Ratchet & Clank: Rift Apart no OpenCritic


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