Análise: MediEvil

Originalmente lançado em 1998 para a PlayStation One, MediEvil é um clássico da Sony que não via a luz do dia desde 2005 com o seu “re-imagining” para a PSP, MediEvil: Resurrection. Em 2017, na PlayStation Experience, tinha sido anunciado um remaster do jogo para a PlayStation 4, em 2018 confirmou-se que se tratava de um remake completo.

Para os menos familiarizados com as aventuras fantasmagóricas de Sir Daniel, MediEvil é um jogo de acção e aventura inspirado em Ghouls ‘n Ghosts com visuais ao estilo de “The Nightmare Before Christmas de Tim Burton.

O vilão Zarok ambiciona tomar o reino de Gallowmere com o seu exército de mortos-vivos, de acordo com a lenda, o exército do rei de Gallowmere, liderado pelo herói Sir Daniel Fortesque, conseguiu derrotar Zarok, Sir Daniel, após atingir o golpe final ao feiticeiro malvado, sucumbiu às suas próprias feridas e morreu no combate. Isto foi o que o rei de Gallowmere contou ao seu povo, a realidade é que Sir Daniel estava longe de ser um herói, e faleceu com a primeira flecha disparada na batalha. 100 anos depois, Zarok regressa e amaldiçoa Gallowmere, afundando-a numa noite eterna, trazendo os seus soldados zombie de volta, e, sem intenção, revive o corpo esquelético de Sir Daniel também. Aqui começa a aventura e redenção do não-herói, tendo de derrotar Zarok sozinho.

“Simples, mas com charme”, é o tipo de narrativa que encontram em MediEvil, com vários momentos cómicos, um voice acting caricato (a maior parte reciclada do original, à excepção de Sir Daniel e a narradora), e todas as entradas no compêndio do jogo com descrições ridículas sobre os inimigos, aliados e bosses, com a música de fundo orquestral de Andrew Barbanas e Paul Arnold dão vida ao humor e atmosfera de MediEvil, sendo um jogo mesmo dedicado a este Halloween.

Visualmente, este remake mostra-se extremamente fiel ao original, pegando no art style inspirado em Tim Burton e transformando-o num jogo de geração actual. Na verdade, esta é a maior diferença entre o MediEvil de 1998, e o de 2019. Ainda assim, os gráficos não irão impressionar ninguém, ao olhar com atenção notam-se algumas texturas mais pobres no terreno e edifícios dos níveis, mas os designs e atmosfera estão bem conseguidos e contribuem todos para um aspecto final coerente. O maior problema não está nos visuais em si, mas sim na performance. Para um jogo que não aparenta ser assim tão tecnicamente exigente, MediEvil tem sérios problemas de framerate. O FPS não está bloqueado, e notam-se drásticas variações de FPS e falta de fluidez, o jogo tão rápido está a correr entre os 40 e 60 FPS como desce para o que me parece ser 20 FPS. A variação está presente em todo o jogo, mas certos níveis destacam-se pelo negativo, cheguei a ter o jogo lento em partes mais densas e movimentadas. Espero que futuras actualizações consigam estabilizar o jogo. Também tive alguns clipping bugs, onde Sir Daniel ficava preso em paredes, mas conseguia libertar-se com um ou dois saltos, nunca tendo-me obrigado a recomeçar o jogo.

No caso de não estarem familiarizados com o gameplay de MediEvil, é uma espécie de hack n’ slash básico dividido por níveis, na maior parte dos níveis têm apenas de chegar ao final, em alguns têm de coleccionar certos itens ou derrotar um boss. O combate do MediEvil é rudimentar, podem atacar com a vossa arma, usar um ataque especial ou defender, a falta de profundidade no combate fazia com que eu simplesmente corresse contra os inimigos enquanto oscilava a espada como um maestro a reger uma orquestra de Metal. Os bosses são um pouco mais desafiantes no sentido em que têm de fugir até que estes mostrem o seu ponto fraco, alguns dos bosses são mais divertidos por funcionarem melhor como puzzles, como por exemplo, o dragão que era quase um “Whac-A-Mole“. A simplicidade do jogo acaba por torná-lo divertido, se derrotarem inimigos suficientes desbloqueiam uma taça, que, se coleccionada, vos dá acesso a uma nova arma ou item. Não é difícil apanhar estas taças, visto que as reuni quase todas na primeira run de cada nível.

O maior problema da jogabilidade é sem dúvida o platforming, o movimento áspero de Sir Daniel fá-lo difícil de controlar no ar e a posição da câmara torna a percepção de profundidade difícil de ler, por vezes fazendo-me pensar que ia aterrar no meio da plataforma e acabava por falhar completamente ao lado. Em certos níveis, como o pântano, o terreno era irregular e fazia o Sir Daniel escorregar para a sua morte depois de um salto. Todo este processo tornou certas fases do jogo muito mais frustrantes do que deviam.

Infelizmente a câmara não é apenas má no platforming, várias partes com a câmara fixa revelam os vários problemas da 5ª geração de consolas e os primórdios dos jogos 3D, onde o jogo não era claro o suficiente ou a imagem estava tão perto do protagonista que nem conseguem ver o que vos rodeia.

O layout dos níveis costuma ser bastante linear, mas houve um dois casos, como na floresta e no ninho de formigas onde sentia que estava num labirinto (ironicamente, o nível do labirinto até era fácil de navegar), como o aspecto do nível era muito semelhante do início ao fim, via-me a andar às voltas para encontrar o caminho certo.

Ao chegarem à antepenúltima etapa do jogo, desbloqueiam um novo item em todas os níveis para promover a replayability e torna o boss final mais fácil. Pessoalmente, não voltei atrás para os apanhar, não precisei deles para o boss, e a simplicidade do jogo torna-o repetitivo e enfastioso se se tornar mais longo.


MediEvil é um remake fiel ao clássico de 1998, e essa fidelidade traz vários problemas do tempo da PlayStation 1, como o platforming e a câmara. Ainda assim, o jogo tem pelo menos umas boas 8 horas de combate simples e divertido, e uma atmosfera e narrativa cheias de charme. Por 29,99€ (exclusivo PS4), é uma boa aquisição para os fãs do original e quem quer descobrir mais sobre uma das primeiras mascotes da PlayStation. Atribuo uma nota de 7 em 10 ao jogo.

MediEvil no OpenCritic

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