Alan Wake… 9 anos depois

Depois do lançamento do Max Payne 2: The Fall of Max Payne, a Remedy Studios começou a testar novas ideias e conceitos para o próximo título a desenvolver, entre estes, surgiu Alan Wake.

O estúdio finlandês anunciou o jogo na E3 de 2005 para a próxima geração de consolas e PC’s (na altura, PS3 e Xbox 360), tendo no ano seguinte realizado uma parceria com a Microsoft Game Studios para lançar o jogo exclusivamente na Xbox 360 e Windows Vista.

https://web.archive.org/web/20190701182636/http://images.eurogamer.net/articles/a/5/8/9/0/2/Alan_Wake_003_300dpi.jpg/EG11/resize/1600x-1
Uma das primeiras imagens do jogo, com diferenças notáveis do resultado final no vestuário do protagonista (fonte)

Originalmente planeado como um jogo open-world e sandbox, os developers decidiram afastar-se dessa ideia devido ao pacing da narrativa thriller que queriam executar. Tendo então tomado a decisão de tornar Alan Wake numa experiência mais linear. Dividindo o jogo por “episódios” (mas vendido completo), com o objectivo de se aproximar mais às séries de televisão, determinando o ritmo do jogo através desses 6 episódios, distribuindo revelações, cliffhangers e desenvolvimento pelos mesmos.

Várias influências foram enumeradas pelo estúdio, Sam Lake, o lead writer do jogo, citou as histórias Brett Easton Ellis, Neil Gaiman e Mark Z. Danielewski como inspirações, embora a maior inspiração para Alan Wake tenha sido o escritor Stephen King, havendo alusões às suas obras, como The Shining e Christine no próprio jogo. Bright Falls, a localização foco no jogo, é também derivado da série Twin Peaks. Outras influências notáveis são The Birds, de Alfred Hitchcock e Twilight Zone.

Em 2009 a Remedy confirmou que Alan Wake seria exclusivo da Xbox 360, e apesar de ter mostrado várias cenas do jogo a correr no Windows, declarou que não havia planos naquele momento para portar o jogo para PC, e isso dependia da Microsoft. Dois anos depois do lançamento na Xbox (2010), o jogo foi portado para o Windows.


A minha experiência…

Depois de ter terminado o Control, as suas referências aos eventos de Alan Wake convenceram-me a voltar a pegar no thriller da Remedy. Tinha jogado umas horas de Alan Wake há uns anos atrás, mas não o acabei por falta de tempo e outras prioridades.

Começando no meio de que aparenta ser uma tempestade, o protagonista deseja alcançar um Farol que vemos à distância, é aqui que damos os primeiros passos como Alan Wake, e, tal como nos pesadelos de Alan durante o jogo, uma memória desenterra-se do meu subconsciente: “Detesto esta câmara”. O Alan não está centrado no ecrã, mas esse não é o problema visto que vários third person shooters afastam o personagem para um dos lados de forma a dar mais claridade ao jogador. Não, o problema é o ângulo desagradável e a dessintonia entre a câmara e a posição e movimento do protagonista. Imaginem que estavam a jogar Forza ou Gran Turismo mas o vosso carro deslizava ligeiramente para a direita quando aceleravam sem virar. No caso de Alan Wake não é tão agressivo, no entanto incomodou-me durante bastante tempo. Alan é o moonwalker mais subtil que conheço, e a imersão que o outrora o jogo executa muito bem é afectada por este simples pormenor.

Resultado de imagem para Alan Wake

Câmara à parte, os visuais são interessantes, claro que como qualquer jogo de gerações passadas, a parte do realismo não envelheceu da melhor forma, mas Alan Wake compensa com o tom obscuro que deseja – e consegue – alcançar. A maior parte do jogo alterna entre o calmo e reconfortante dia, e a perigosa e assustadora noite. O jogo não toma meias medidas em esclarecer que a luz é o vosso aliado, e as sombras são o maior perigo que enfrentarão. Para um jogo de 2010 (2012 se considerarmos que joguei a versão PC), o uso de sombras dinâmicas é impressionante, visto ser uma tecnologia um pouco exigente para a altura. Bright Falls é uma zona lindíssima para quem quiser passar umas férias, não fossem todas as sombras de forma humana a quererem decapitar-vos com um machado, durante a noite.

Depois de uns combates com os pesadelos de Alan, começo a habituar-me. Para se diferenciar do típico third person shooter, Alan Wake adiciona uma nova mecânica ao gameplay: os inimigos são invulneráveis a balas enquanto cobertos por sombras, por isso, o Alan tem de focar a sua lanterna neles, afastando as sombras depois de algum tempo, e podendo neutralizá-los com as suas armas. Os inimigos mais fortes são mais resistentes à lanterna como é de esperar, e os mais fracos sacrificam a sua resistência por maior rapidez. De uma perspectiva puramente técnica, a única diferença em relação ao shooter comum é que têm de apontar para um inimigo durante algum tempo para poderem matá-lo. Não obstante o resultado disto cria sequências de combate bem mais tensas e sufocantes, este tempo de espera dá mais tempo aos inimigos para se aproximarem, obrigando Alan a estar sempre em alerta de uma emboscada e evitando combater com demasiados inimigos, adequando-se perfeitamente ao tom do jogo.

Resultado de imagem para Alan Wake

Para além da lanterna e uma revólver, Alan pode encontrar outras armas e itens que o ajudam a atravessar a noite, como uma shotgun, hunting rifle, flares, flare gun, e até flashbangs. Penso que há pouca variedade no que toca ao arsenal de Alan, mas a verdade é que seria mais difícil justificar ter uma arma militar numa cabana abandonada de uma pequena vila. Graças ao sound design e efeitos sonoros as armas são satisfatórias, e o mundo consegue ser mais imersivo. Para além do armamento, podem usar luzes de faróis e focos para vosso benefício, e encontrar lanternas mais potentes e/ou duradouras. Sempre que precisam de descanso basta abrigarem-se debaixo de uma luz, e o jogo salvará automaticamente.

Eu diverti-me bastante ao longo do jogo, mas confesso que nas últimas horas da campanha já sentia o peso da repetitividade. Alan Wake conforma-se pelos seus níveis lineares e combate simples. Os bosses em si não são memoráveis, e as secções de condução são a pior parte do jogo graças às físicas pobres dos carros. O que manteve o meu interesse no jogo até ao fim foi a sua narrativa.

O enredo de Alan Wake é extremamente interessante. Um thriller de mistério onde cada “episódio” revela uma parte importante para a história, completando aos poucos e poucos o puzzle que é o segredo de Bright Falls e onde se encontra o paradeiro da desaparecida esposa de Alan está sem dúvida bem contado. O apoio da escrita e voice acting, que apesar de ter alguns momentos duvidosos consegue manter-se coerente, junto com o charme self-aware das personagens cria uma boa narrativa com um climax um pouco agridoce mas que sem dúvida vos deixará a querer descobrir mais. O facto de encontrarem páginas espalhadas por Bright Falls que vos dá pequenas dicas do que irá acontecer, ou a perspectiva e história de outras personagens na história ajuda bastante à sua execução.

Deixo uma última observação à banda sonora, que adorei. As obras de Old Gods of Asgard, Poets of the Fall e mais artistas estabeleceram momentos memoráveis dentro do jogo. Seja durante o gameplay, ou nas secções dos créditos e finais dos episódios.

Resultado de imagem para Alan Wake

Encontram Alan Wake à venda na Steam ou Epic Games Store por 12,49€. No momento de escrita deste artigo, a EGS tem um desconto do jogo por 3,37€, ao qual eu digo que vale, sem sombra de dúvidas, a aquisição.

Leave a Reply

Fill in your details below or click an icon to log in:

WordPress.com Logo

You are commenting using your WordPress.com account. Log Out /  Change )

Facebook photo

You are commenting using your Facebook account. Log Out /  Change )

Connecting to %s