Análise: Red Dead Redemption II

Já passaram 9 longos anos desde que a Rockstar lançou o fenomenal Red Dead Redemption na PS3 e Xbox 360. O sucessor de Red Dead Revolver foi um sucesso instantâneo e a prova definitiva que a desenvolvedora era capaz de criar uma narrativa séria e fora da zona de conforto que era o tom satírico e humoroso da sua maior série, Grand Theft Auto.

No ano passado finalmente pudemos jogar e viver a prequela ao aclamado Western – protagonizado por John Marston – através dos olhos de um novo protagonista, Arthur Morgan, em Red Dead Redemption II. Eu só tive a oportunidade de adquirir este jogo neste Natal, tendo-o acabado apenas recentemente, isto será uma review um pouco tardia.

Sendo uma prequela ao título de 2010, RDR2 conta-nos a história do antigo gangue de Dutch Van der Linde em fuga da lei após um assalto falhado em Blackwater, e todos os eventos que levam ao início da aventura de Marston em RDR. É com segurança que digo que a narrativa de Red Dead Redemption II é estupenda. O diálogo mantém-se consistente e coeso ao longo do jogo, o humor e interacções entre personagens conseguem ser deliciosas, e essas personagens, intrigantes e cativantes. O enredo está lá, e não quero entrar no campo de spoilers, por isso digo apenas que não é o foco principal do jogo, e isso não é mau. Porque o que brilha em toda a narrativa, é a caracterização e escrita dos personagens principais, do qual se facilmente destaca Arthur Morgan e todo o seu desenvolvimento e uma performance lendária de Roger Clark que, com certeza, vos agarrará ao comando e ganhará a vossa empatia. É possível que alguns de vós achem o pacing da história um pouco lento, pessoalmente, acho que estava correcto. O balanço entre o caos dos tiroteios e o sossego do campo está bem conseguido, o jogo provocou-me vários momentos de tranquilidade onde eu apenas apreciava a linda paisagem deste velho oeste.
A banda sonora é também impossível de ignorar, nomeadamente depois de certos “eventos” que, não vou spoilar aqui, lembro apenas a quem jogou o RDR, da ida ao México. No final da campanha principal terão também um epílogo parecido ao do jogo anterior, e tal como o mesmo, alguns de vós vão achá-lo longo e desnecessário, eu discordo. Penso que o epílogo não tocou em todos os assuntos que deseja ver resolvidos/concluídos, e é uma pena. Dito isto, se jogarem a campanha normalmente, e completarem as side quests que encontram pelo caminho, têm um jogo para durar cerca de 60 horas, e durante esse tempo, estarão a presenciar uma narrativa emocionante e memorável.

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RDR2 não é só paisagens enfeitiçantes, todo o jogo deslumbra os jogadores com os seus visuais, que, embora não ache que estejam ao nível de um Uncharted 4 ou Horizon Zero Dawn, são um passo à frente por parte da Rockstar, que foi tão detalhada que tornou o próprio extraordinariamente imersivo (imersivo é uma palavra-chave aqui), desde as densas florestas repletas de fauna, às amplas cidades de Blackwater ou Saint Denis abastadas de segredos, actividades e interacções. Este olho para o detalhe transborda-se para as animações e modelos do jogos – onde acabaram por ser alvos de críticas, por quem acha o jogo lento devido às mesmas, das quais eu discordo – mas pouco ou nada escapou às mãos da produtora, tornando-se um dos jogos mais imersivos em memória recente.

Quanto à performance, o jogo corre nuns expectáveis 30 fps na PlayStation 4 (onde o joguei), mas tem quedas notáveis em cidades. Ainda assim, continua a ser impressionante ver um jogo destes num hardware de 2013, e é facilmente uma melhoria em relação à performance do RDR nas consolas da geração anterior.

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E então o gameplay? Já devem ter lido coisas más e boas sobre o mesmo. Muitas das críticas negativas apontadas à jogabilidade de RDR2 referem-se aos controlos desajeitados e envelhecidos, já típicos da Rockstar. É verdade, os controlos do Arthur e do seu cavalo são imprecisos e escorregadios, por vezes o jogo entrava em conflito comigo, o jogador, pelo controlo do Arthur, isto parece ridículo, mas como o personagem tenta evitar colisões automaticamente, por vezes (e são muitas vezes), o jogador acaba por perder o domínio do movimento e ir para onde não quer, o que é extremamente irritante. Já o aiming não é tão intrusivo, mas, deixa muito a desejar, tal como o RDR em 2010, a melhor táctica é abusar do auto-aiming, já que é praticamente impossível apontar à cabeça dos inimigos livremente com o analógico, se não estiverem a usar o Dead Eye. Ainda assim, não diria que o gameplay geral de Red Dead é mau, apenas decepcionante, tendo em conta o alto nível de todo o resto no jogo.

As missões principais, embora numerosas, caem muito na típica forma linear da Rockstar. E não, o problema não é a linearidade em si, mas sim a repetitividade de missões a certos pontos do jogo. Sendo que se resumem a deslocar-se ao destino a cavalo, matar os inimigos, furtivamente ou não, e fugir a cavalo enquanto vos perseguem. É uma rotina que aborrecerá mais alguns jogadores que outros. A generalidade das side quests quebravam essa monotonia a meu ver. E se se cansarem de andar aos tiros, sempre podem participar na numerosa quantidade de actividades espalhadas pelo mundo, desde Poker a caça de animais. O mundo de Red Dead Redemption II é gigantesco em conteúdo e é sem dúvida um dos pontos mais fortes deste jogo, encontram sempre algo de interessante por onde quer que caminhem e sei que os complecionistas e exploradores se deliciarão a examinar cada canto disto.

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Red Dead Redemption II é uma formidável narrativa com um open world extenso, imersivo e abarrotado de conteúdo. A Rockstar Games conta a sua melhor história até à data, que infelizmente peca por ter uns controlos envelhecidos e ser formulaico a mais para o seu bem. A jogabilidade não está à altura dos restantes aspectos do jogo. Não obstante, e tendo em conta o produto final – porque a jogabilidade não é tudo -, está aqui um dos melhores jogos da geração, digno de um 9 em 10.

Página do OpenCritic

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