“If history is to change, let it change!”.
Se vocês alguma vez viram um vídeo ou leram um artigo com o título “Melhores JRPGs de sempre”, é altamente provável que Chrono Trigger tenha marcado presença nessa lista, até pode ter estado no topo como “O melhor JRPG de sempre”. Lançado em 1995 para a SNES pela Square, Chrono Trigger conquistou o mundo de imediato graças ao seu enredo, banda sonora e personagens inesquecíveis, desenhadas por Akira Toriyama, o criador de Dragon Ball.
Como já fiz com o Mirror’s Edge e o Metroid Fusion, decidi pegar no jogo e analisá-lo de acordo com os padrões de hoje em dia, para chegar à conclusão do quão bem envelheceu “um dos melhores JRPGs de sempre”, de acordo com a comunidade.
Começando pela narrativa. Disse acima que o Chrono Trigger gaba-se de contar um enredo excelente, e posso confirmar que o enredo em si, e as personagens, são de facto, memoráveis. O jogo faz um bom trabalho em manter o jogador interessado nos eventos correntes na Terra, e consegue fazer-nos conectar com as personagens que Crono – o protagonista – vai encontrando e fazendo amizade ao longo da sua jornada pelos vários espaços temporais do mundo. Houve até certos plot twists que me surpreenderam pelo lado positivo e aumentou ainda mais a minha vontade de desvendar o resto da história. A escrita é que infelizmente não está ao nível do resto e magoa um pouco a narrativa. Não é má escrita, mas é muito básica, principalmente nos diálogos.
Quero já falar sobre a banda sonora, porque é brilhante! Desde a leve melodia que nos acompanha enquanto atravessamos pelo calmo reinado de Guardia até às estrondosas músicas que nos encorajam nas batalhas contra fortes inimigos. A banda sonora mostra-se ser perfeita para cada situação e eleva a experiência a um novo patamar. Tornou-se facilmente uma das minhas favoritas de sempre. O trabalho de Yasunori Mitsuda como compositor neste jogo merece todo o louvor que recebe.
Sendo um jogo da Super Nintendo Entertainment System, seria de esperar que os gráficos dos jogos da consola de 16-bits não tenham envelhecido muito bem. No entanto isto não se aplica a Chrono Trigger, o mundo está muito bem desenhado e com um uso excelente de cores. Enquanto no presente é usado um tom de cores mais vivo para representar o estado de vida mais feliz dessa era, no futuro os tons castanhos e cinzentos predominam, emitindo a sensação de uma era pós-apocalíptica onde o mundo está perto de morrer. O design das personagens e inimigos demonstra o melhor do estilo único de Akira Toriyama, cada personagem é única e desenhada com a época de origem em mente, lembrando que o jogo percorre várias linhas temporais. Os inimigos são bastante diferentes entre si, havendo várias espécies e cores diferentes entre cada que poderão representar fraquezas ou forças em combate. A variedade deles ajuda a manter o jogo fresco após várias horas. Os bosses também são todos diferentes, uns mais básicos que outros, mas com certeza que não me irei esquecer do aspecto invulgar do gigantesco Lavos ou dos bizarros “Nu”. O estilo visual de Chrono Trigger é uma delícia ao olhar dos fãs de jogos retro.
Finalmente, o gameplay. Como qualquer JRPG tradicional, o sistema de combate de Chrono Trigger é à base de turnos, mais propriamente ATB (Active Time Battle), onde o combate não pára enquanto o jogador está a escolher a acção a tomar, e a “Speed” de cada personagem determina o quão frequentemente podem atacar. Admito que não sou o maior fã de combate à base de turnos mas o Chrono Trigger consegue ser divertido. Cada inimigo tem uma fraqueza diferente, seja ataques físicos ou magia – e em alguns casos, só uns certos tipos de magia – mais o uso do tempo de recarga como mecânica adiciona uma camada de estratégia extra. O jogo não foi particularmente desafiante, manteve-se coeso do início ao fim sem saltos de dificuldade, e felizmente, nunca fui obrigado a fazer grind. Contudo, houve alguns momentos em que senti frustração devido aos ataques lentos de certos inimigos. Por exemplo, os 5 morcegos dentro de uma caverna lançavam um ataque lentíssimo, um de cada vez, que acabava por quase sempre falhar, via-me obrigado a esperar para fugir ou atacar se queria prosseguir. O combate não é o melhor de sempre, mas tirando esse nitpick, fazia um trabalho decente. O mesmo posso dizer do level design geral, que incita à exploração dos pequenos cantos das dungeons para encontrar itens, embora sejam lineares o suficiente para o jogador nunca se perder. Algumas dungeons contém pequenos puzzles que terão de resolver mas estão longe de ser uma dor de cabeça, servem apenas como pequenos obstáculos para aumentar o tempo de jogo. E caso se percam e não sabem o que fazer a seguir, existe um NPC no hub world que vos oferece dicas sobre o próximo objectivo.
Algo que devo mencionar é o facto do jogo ter vários finais diferentes, aumenta imenso a replayability, para quem quer jogar e ver mais do jogo.
Nunca o joguei em criança, por isso não tenho qualquer conexão nostálgica a este jogo mas adorei-o na mesma, posso dizer que – apesar de não ter jogado uma imensidade de JRPGs até agora – penso que Chrono Trigger é merecedor de estar nas listas de “Melhores JRPGs de sempre”, ou até mesmo “Melhores RPGs de sempre” em pleno 2018. É uma aventura inesquecível que qualquer fã do género não pode perder.
E vocês, o que acham do Chrono Trigger?