Análise – Triangle Strategy

Dos criadores do muito aclamado “Octopath Traveler” chega-nos mais uma aventura no estilo 2D-HD, “Triangle Strategy”, um jogo que tenta ser uma versão moderna dos “Final Fantasy Tactics” do passado.
Agradecemos à Nintendo Portugal pelo código atribuído, sem o qual esta análise não seria possível.

Este jogo conta-nos a história de Serenoa, um jovem herdeiro de uma das famílias mais prestigiadas de Norzelia, região onde decorre todo este jogo, que cedo se vê no meio de um confronto potencialmente maior que a guerra que afligiu Norzelia no passado e muitas vezes mencionada ao longo da narrativa.

No geral a narrativa é bastante sólida: não foge aos clichés habituais, mas conseguiu por vezes surpreender-me com certas decisões.
Falando em decisões, um dos grandes destaques deste jogo é o seu foco em escolhas ao longo da história, especialmente o sistema de votação que é bastante interessante e satisfatório de se ser bem sucedido; consiste basicamente num debate que temos com cada membro da nossa equipa para os convencer que a nossa visão é a mais sensata, sendo que eles podem ou não concordar connosco, apresentando contra-argumentos.
Perto do fim da discussão, podem mesmo deixar a equipa com base na decisão tomada.

Estas escolhas são no geral bastante importantes, já que cada rota muda completamente com a escolha tomada, pelo que mesmo pessoas que escolham a maioria das mesmas decisões podem deparar-se com umas diferenças substanciais mudando apenas uma, como não chegar a conhecer uma dada personagem ou região.

A nível visual, “Triangle Strategy” recorre ao estilo 2D-HD usado por “Octopath Traveler” e no geral é um grande sucesso: há cenas visualmente incríveis especialmente algumas paisagens que encontramos, mas denoto que por vezes a imagem pode parecer algo desfocada e pouco nítida, mas quando ocorre dada a natureza dos visuais é notório.
Também me deparei com algumas quebras de fluidez, que embora não muito preocupantes por ser um jogo com jogabilidade por turnos se torna algo irritante, especialmente nas lutas com mais efeitos visuais e inimigos espalhados pela arena.

A banda sonora de “Triangle Strategy” é impecável. É verdade que por vezes certas músicas se repetem(,) mas são no geral bastante boas, pelo que nem me importei muito praticamente até à reta final. Nas lutas é variada o suficiente para atenuar essa sensação. Caso queiram ouvir uma pequena amostra desta incrível banda sonora composta por Akira Senju, deixo aqui o tema principal do jogo.

Ao nível da jogabilidade, este é um RPG por turnos com um elevado foco na estratégia e gestão dos vários personagens e posicionamento dos mesmos, com uma pequena jogada a poder ditar como se vai desenlaçar a nossa batalha.

No geral, gostei bastante do sistema de combate deste jogo, especialmente não sendo eu um grande fã do género. Fiquei surpreendido ter gostado tanto, porém deixo a ressalva que este é um jogo bastante difícil, especialmente se não forem experientes no género, pelo que se não estiverem familiarizados não recomendo pôr a dificuldade em Normal ou Dificil, mas sim em Fácil, pois pode-se tornar bastante frustrante na reta final.
O posicionamento é chave e a sorte, como já é habitual, também, pelo que não podemos simplesmente pôr as personagens todas viradas para um só inimigo pois outro pode atacá-la pelas costas e matar essa personagem muito rapidamente. Felizmente não há um sistema de “Permadeath“, mas ainda assim reduz as chances de vitória significativamente, especialmente quando os inimigos se lembram todos de atacar as nossas personagens mais fortes. Por vezes a melhor defesa neste jogo é o ataque para acabar as lutas o mais rápido possível e evitar emboscadas, sendo as lutas bastante intensas e dinâmicas.


Porém nem tudo é perfeito: embora goste do combate sinto que estagnou relativamente cedo, pois apesar de haver melhorias e habilidades novas por desbloquear, senti que a maioria eram superficiais e não impactantes o suficiente para de um momento para o outro incluir uma certa personagem em detrimento de outra. Não poder mudar de armas ou armadura além dos típicos acessórios de RPG fazem a dificuldade do jogo mais complicada de gerir o que leva a que seja frequente atingirmos autênticos picos de dificuldade.

Além disso, tirando a história e uma pequena arena de batalhas extra, não há grandes atividades secundárias tirando umas conversas opcionais nas várias regiões de Norzelia. Sinto que o jogo poderia ter tido algo mais, desde pequenas missões secundárias para incentivar a exploração quando a narrativa nos leva às várias cidades e mesmo lutas além da arena como, quiçá, parar um assalto ou coisas semelhantes nesses moldes. Dando por consequência mais variedade que as lutas finitas e repetitivas da arena e poderia dar uma maior vivacidade a este mundo.

Em suma, “Triangle Strategy” é um jogo bastante bom algo rebaixado pelos defeitos, mas ainda assim um dos melhores jogos na Switch e que irá agradar sem dúvida aos fãs do género. Com a sua jogabilidade satisfatória, narrativa interessante e bem diversificada, e uma banda sonora incrível, atribuo-lhe uma nota de 7.5/10.

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