Todos nós temos “backlog” como jogadores, sobretudo aqueles (incluindo eu) que compram mais jogos do que os que podem jogar. Eu sou defensor que o meu backlog é uma sugestão de títulos a jogar a seguir e não uma lista de tarefas que tenho de completar ao máximo. Posto isto, temos uma plataforma onde falamos de jogos, e por vezes estamos demasiado tempo sem escrever porque análises em condições levam tempo a fazer, não só a jogar um jogo por completo e a anotar a nossa experiência, como a estruturar um texto para que seja minimamente digerível e cubra o máximo de pontos possível que tentamos atravessar ao leitor.
O “Caderno Backlog” é uma espécie de rubrica que nos deixa falar dum jogo que jogámos e partilhar a nossa experiência num pequeno texto. Isto não é uma análise, apenas um “desabafo”, umas “impressões” ou um diário. Portanto, cá vai a primeira entrada:

Há uns meses atrás aproveitei uns descontos da Epic (junto com o cupão de 10€) para comprar uns quantos jogos. Entre eles, o Hitman 3, o capítulo final na nova trilogia do Agente 47 e um jogo que fora bem recebido e estava entusiasmado para jogar, visto que gostei de ambos Hitman (2016) e Hitman 2. O título da IO Interactive repousou no meu backlog durante algum tempo (na altura estava a jogar e a adorar o Mass Effect Legendary Edition) até que finalmente decidi pegar nele.
Ao começar o jogo lembrei-me que podia importar os níveis dos Hitman ateriores (partindo do princípio que os tinha comprado no PC), e depois de um esforço em importar o Hitman 2 da Steam para a Epic (mais esforço do que devia), lá tomei a decisão de rejogar a trilogia toda.
Se houver diferença entre jogar os níveis do Hitman 1 e 2 nos jogos respetivos, ou jogá-los no Hitman 3, não dei por ela. Não obstante, rejogando agora de início reforça apenas o facto de todos eles se manterem bem desenhados ao estilo de immersive sim com imensas opções oferecidas ao jogador. Como eu tenho preferência em jogar com os guias desligados para tentar obter uma experiência mais orgânica, por vezes acabo por me perder no meio do nível sem saber para onde me virar porque o que o jogo – ou, mais especificamente, a mission story que estou a seguir – me pede é demasiado abrangente. Um caso que me salta logo à cabeça é quando me é pedido para evacuar uma sauna, mas a forma de o fazer é abrir uma válvula escondida num pequeno cubículo fora do nosso campo de visão. O Hitman 3 corrige isto e é mais específico e/ou intuitivo com os objetivos e level design.

Case in point: “Objectivo: Encontra a sala de reuniões.” é simples, basta verificar as placas do edifício para encontrar a direção para a sala de reuniões, tal como o faríamos na vida real, ao contrário de estarmos a seguir um ícone imaginário no ecrã. Isto faz parte de elementos básicos que constituem os immersive sims há décadas, mas que criam mundos vivos e experiências envolventes e fazem do Hitman mais que um jogo sobre um assassino. É um completo simulador de preparação, investigação e execução.
Vamos passar para um dos meus níveis favoritos da terceira campanha: têm de infiltrar uma mansão e assassinar a sua senhoria. Primeira coisa que vejo ao chegar à entrada é um investigador privado que lá veio para analisar o suicídio de um dos moradores da casa. É-me dada a dica que fazer-me passar pelo investigador poderá ser uma boa forma de infiltrar a mansão e assassinar o meu alvo. Eu tomo o lugar do detetive, e sou encarregado de resolver o mistério do suicídio que na verdade é um homicídio do velhote lá da casa… E agora estou a jogar Cluedo. O agente 47 tem de investigar a cena do crime, interrogar os suspeitos e esfregar pelos aposentos dos mesmos para encontrar pistas que resolvam o crime, tudo isto para conseguir uma sessão privada com a senhoria da casa, contar-lhe a verdade sobre o homicídio e atirá-la pela varanda abaixo.
O parágrafo em cima é apenas uma das formas de resolver este nível, nem cheguei a experimentar todas as outras. Mas a possibilidade para replays neste jogo é incrível. Infelizmente, nos níveis finais do Hitman 3, perde-se um bocado essa versatilidade a favor da narrativa: Os níveis tornam-se mais lineares e com menos “mission stories“. Sou da opinião que a troca não foi positiva.

Ainda assim, valeu bem a pena jogar e acabar o Hitman 3, sobretudo se tiverem acesso às duas campanhas anteriores. O jogo mantém-se instalado no meu PC para o caso de me apetecer voltar e jogar um dos níveis de forma diferente.