Luna do estúdio funomena é um puzzle aventure onde ajudam o pequeno Pássaro a restituir a vida à Lua. Luna encontra-se disponível em versão VR no Oculus Rift, HTC Vive, Windows Mixed Reality e no PSVR, e numa versão não VR no PC e PS4. Esta análise tem como base a versão não VR da PS4.
A história começa quando a Coruja persuade o Pássaro a levar o último fragmento da Lua desvanecida para não se sentir só. Ao aceitar, uma grande tempestade afasta o Pássaro da sua casa, sentido-se só e abandonado. Porém, o pequeno Pássaro não se deixou consumir pelo seu erro, partindo em procura dos pedaços da Lua que residem nos outros animais.
Figura 1: Constelações Fig. 2: As plantas que contém memórias Fig. 3: O Lago do Cisne Fig. 4: O Desfiladeiro do Urso
Para encontrar os seus companheiros terão de recuperar as memórias do Pássaro com puzzles. Primeiro, ajudá-lo-ão a despertar a recordação de vários objectos seguindo o ritmo das plantas (fig. 2); de seguida, ligarão as estrelas das constelações para recriar esse objecto (fig. 1). Finalmente, os espaços emergem das memórias do Pássaro e materializam-se como pequenos dioramas. Nestes dioramas irão restaurar as habitações dos reservados animais que contêm um pedaço da lua. Ao longo da jornada o Narrador (interpretado por Dan Clegg) guiará o jogador como se tivesse ler um conto a uma criança, acentuando o tom do jogo e a simplicidade da sua história.

Fig. 5: A estética relembra um “pop-up storybook”.
São nestes dioramas onde a linguagem visual do jogo se destaca. Tem uma apresentação táctil e crua, como se os pequenos jardins fossem feitos de papel ou de cartolina, e depois cortados e colados toscamente; os contornos, cores vibrantes (cores frias quando os espaços estão vazios e vivas depois de curados) e as texturas comunicam essa expressão infantil.
Em cada diorama terão quatro tipos de flora disponíveis com a sua própria musicalidade (podem alterar a cor e tamanho) para preencher o espaço (fig. 4). Infelizmente, quanto a este ponto tenho que acrescentar que, a criação ou recriação das habitações das diferentes criaturas é limitada, restringindo a imaginação. O Pássaro recorda melancolicamente estes espaços e os seus cantos, que agora se encontram esgotados de cor. Mas aos poucos, cada árvore, flor e arbusto tingem a pálida lagoa do Cisne ou o taciturno desfiladeiro do Urso e revela-se a vida adormecida destes espaços. O som das libelinhas, sapos e pássaros reaparece e combate o antigo silêncio. O Pássaro, com a ajuda do jogador, comunica aos animais dormentes que não precisam da lua para se sentirem confortáveis, e juntos, podem aceitar e ultrapassar os erros que cometeram. A tristeza não tem que os consumir.


A banda sonora, composta por Austin Wintory, conta com vários instrumentos no seu leque musical. Cordas, sinos, coros, piano, harpa, xilofone, e sopro. A música partilha a serenidade do jogo, complementando os puzzles e os arranjos florais nos acolhedores dioramas, e muitas vezes comunicando narrativamente o que se está a desenrolar quando o Narrador está ausente. Na música Swan, violinos, piano e harpa, segue essa serenidade ; Unsheltered, mantém um tom assombroso acentuado pelo piano ao longo da composição, enquanto as cordas, em crescendo, emitem um tom celestial conjugando a esperança e o sombrio; Thunder finally above, é mais melancólica e sombria, nesta composição o piano toma uma posição central.
Em suma, enquanto que Luna consegue ter uma boa apresentação consolidada pela estética, narração e música, mas a brevidade (e alguma repetitividade) da experiência juntamente com a simplicidade dos seus puzzles tornam este conto de fadas interactivo uma difícil avaliação. Infelizmente, como esta análise não feita com a componente VR e não tive a oportunidade de jogá-lo com alguém mais novo, não me sinto confortável em dar uma nota concreta a este título. Este puzzler sereno pode ser um bom ponto de entrada – mesmo sem VR – para uma criança ou alguém mais inexperiente em jogos.