Análise: The Gardens Between

“The Gardens Between” é um puzzle-adventure da Voxel Agents, a qual agradecemos, juntamente com a Stride PR, pela disponibilização do código do jogo. “The Gardens Between” é lançado a 20 de Setembro e está disponível no PC, Xbox One, Playstation 4 e Nintendo Switch (esta versão foi jogada numa Playstation 4).


Arina e Frendt, taciturnos, olham silenciosamente a noite na casa da árvore, enquanto a tempestade abafa-lhes os pensamentos. Subitamente, o tempo cessa, e uma luz transporta-os para um cenário surreal, que colide as memórias dos protagonistas com o seu imaginário.

As ilhas, ou jardins, que preenchem o oceano que Frendt e Arina navegam na sua casa da árvore, contêm os momentos que os entrelaçam. As primeiras (destas ilhas), estabelecem as regras e as mecânicas chave que permanecem para as seguintes – com novas interacções a desafiar a percepção do jogador. Avançado e recuando no tempo, os protagonistas interagem com os blocos de pedra, flores luminosas, entre outros, para destrancar os múltiplos obstáculos pelas ilhas. Juntamente com a câmara fixa que gira em volta da ilha jogando com a perspectiva do jogador, contribui para a identidade visual do jogo, como, de cada memória individual. Todas estas ligeiras camadas de design constroem simples e divertidos puzzles. Os protagonistas – e o jogador – brincam com o cenário em seu redor, cada pedaço da sua história que recordamos, apenas pode ser finalizado com as duas personagens que, juntos, complementam a memória.

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Sofá, aperitivos, gasosas, jogos

Estas ilhas de memórias são o cerne do jogo – seja narrativa ou interactivamente – elas contam as tardes de verão derretidas ao sol, as noites perdidas em maratonas de jogos, uma jornada a dois. Arina e Frendt exploram curiosamente estas paisagens sobrenaturais, apontando, mexendo e fitando os objectos naufragados, estas pequenas e breves expressões, que os vão definindo – Arina, destemida; Frednt tímido -, acrescentam valor à sua história. A forma como manipulam o tempo nas ilhas reforça a ideia de estarem a revisitar os seus momentos juntos e recordarem, com cada passagem, esses dias, avançando e recuando, avançando e recuando. O jogo segue um estilo “cartoony” de onde consegue extrair uma clareza visual que facilita a compreensão do caminho e objectos dos cenários com que brincamos. O tom e as cores vão alterando consoante as estações do ano no percurso dos protagonistas, no Verão, o tom principal azul-cyan opõem-se às cores dos objectos nas ilhas; no Outuno, o vermelho das rochas conjuga com o laranja e amarelo das folhas que pairam no ar; e no Inverno, o azul volta carregado de uma tonalidade escura.

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Casa da árvore

A banda sonora composta por Tim Shiel ambienta a viagem de Frendt e Arina com uma serenidade infecciosa. As composições permanecem quase virtualmente ao longo das múltiplas ilhas, melancolicamente, com a narrativa, envolve o jogador na relação de Frednt e Arina e as suas visitas nostálgicas, evocando a plenitude dos seus dias cheios de vida.


Em suma, a forma como o game design e a história das personagens misturam-se harmonicamente, enquanto suportadas por uma banda sonora plena e um colorido mundo, “The Gardens Between” destaca-se nos seus engenhos puzzles e simples abordagem ao apresentar a sua breve aventura recheada de detalhes, acabando por ser merecedor de uma nota final de 8 em 10.

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