Análise – Bayonetta 3

Após uma gigante espera de 5 anos, o muito aguardado exclusivo da Nintendo, “Bayonetta 3” chega às mãos de todos os fãs ansiosos pelo regresso da bruxa mais conhecida da indústria dos videojogos.

Pessoalmente, sou fã da franquia há cerca de 10 anos, e quando saiu o segundo jogo como exclusivo Wii U, cheguei mesmo a comprar a consola com o propósito singular de o jogar, não só sinto que valeu a pena como se tornou o meu jogo favorito de sempre, desde então aguardei os últimos 8 anos por uma sequela, e após um silêncio ensurdecedor nos últimos anos, o jogo finalmente chegou às lojas e nesta análise irei revelar se a esperava valeu ou não a pena.

Neste jogo seguimos Bayonetta e uma nova personagem, Viola, por diferentes universos à procura de 5 engrenagens capazes de as levar à causa de todos os problemas no multiverso, levando-nos a viajar não só à volta do mundo como por diversos universos distintos, algo bastante diferente da história focada no paraíso e no inferno dos 2 anteriores jogos.

Ao nível narrativo: este jogo continua a dar-lhe um papel secundário como nos anteriores, sendo o foco principal a jogabilidade, ainda assim sinto que é razoavelmente satisfatória para os fãs, à exceção do final que vai ser definitivamente divisivo, pessoalmente não desgostei, mas parece ter sido muito apressado e forçado em momentos.

Visualmente, “Bayonetta 3” deixa algo a desejar, muito por culpa da consola que se encontra, a Nintendo Switch já mostra a sua idade e o resultado final é um jogo com baixa resolução e uma pobre fluidez, não chegando aos ideais 60fps que estes jogos de rápida execução e precisão requerem, além disso a sua baixa resolução juntamente com o caos que se passa no combate podem tornar a claridade visual de cada luta muito má, o que pode ser algo frustrante por vezes.

A banda sonora, como já é costume nesta franquia é sublime, especialmente “Al Fine”, “Gh()st” e “We are as One”, o trabalho sonoro composto por Naofumi Harada é simplesmente estonteante, de momento não está no Spotify mas recomendo toda a gente a ir ouvir a banda sonora no Youtube.

Agora falando do grande foco deste jogo, a sua jogabilidade. “Bayonetta 3” tal como os seus anteriores centra-se em ação “Hack and Slash” frenética e baseada em combos que vão aumentando à medida que atingimos os nossos inimigos com os diversos ataques, mas ao contrário dos antecessores neste jogo não podemos escolher as habituais armas para pés e mãos, individualmente, significando portanto que só temos uma arma em cada “slot”, mas essa arma desta vez tem um conjunto de combos completo e não apenas dedicado a um só botão, o que se torna bastante mais complexo que antes, graças a um novo sistema apresentado.

Esse sistema de que falo é o sistema “Demon Slave”, no qual à semelhança de V em “Devil May Cry V”, Bayonetta invoca demónios a meio da luta para lutar a seu lado, mas ao contrário de V, nós podemos deixar as suas ações em lista de espera para serem executadas mesmo que deixemos de os controlar diretamente, o que torna a ação muito fluida e nas mãos certas a combinação de Bayonetta com estes demónios pode ser absolutamente devastadora.
Associado a este sistema, temos a mecânica “Demon Masquerade”, que no fim de cada combo executado nos deixa terminar o ataque com a ajuda de um dos demónios ao nosso dispor para dano extra, estas 2 mecânicas em conjunto são fantásticas e extremamente divertidas, tornando este o melhor combate que já desfrutei num videojogo muito possivelmente, algo que não estava à espera após o combate fantástico do seu antecessor.

Como já mencionado previamente, além de Bayonetta, nesta aventura temos ao nosso dispor também uma nova personagem, Viola, que ao contrário da bruxa titular não possui customização nenhuma, e ao invés de abrandar o tempo com um desvio perfeito fá-lo através de um “parry” perfeito, sendo uma dinâmica distinta necessária para usufruir desta habilidade ao seu máximo potencial.
Além disso, Viola apresenta também um demónio, Cheshire, ao seu dispor, mas ao contrário de Bayonetta este é controlado pela inteligência artificial, deixando Viola à vontade para fazer os ataques que quiser.
No geral Viola é uma personagem bastante divertida e uma boa adição à franquia, mas o que arruína esta personagem para mim é o seu “parry”, ao contrário de outros jogos não só é extremamente preciso como algo contra intuitivo e deixa algo a desejar em execução ao contrário dos simples desvios de Bayonetta, sinto que esta personagem seria muito melhor e mais divertida se mais tarde ajustassem esta habilidade.

Em relação aos níveis, neste jogo percorremos o multiverso e diversas localizações pelo mundo como Shibuya, Paris e Cairo, sendo cada localização visualmente diferente da anterior e repleta de colecionáveis e lutas escondidas para encontrar, mas senti que ao tornarem estes níveis maiores prejudicaram um pouco o ritmo do jogo porque gastamos mais tempo a procurar coisas que nos anteriores.

Os bosses, embora não sejam tão sólidos como os dos anteriores jogos, em especial do segundo jogo, continuam a ser dos melhores momentos da franquia, sendo lutas fantásticas de jogar e rejogar indefinidamente, porém à semelhança do primeiro jogo acabam por ser algo arruinados por “gimmicks” que são engraçadas de se ver mas na prática não resultam muito bem, desde sequências voadoras a mini jogos autênticos, sinto que regrediram em relação ao segundo jogo que melhorou muito isto e removeu quase todas essas sequências de forma a ter ênfase no combate e as poucas que têm estavam bem adequadas à ação, algo que aqui não acontece e me desilude pois um combate tão bom merecia ter ainda mais lutas para o desfrutar.

Em suma, “Bayonetta 3” é um dos melhores jogos dos últimos anos e embora não se tenha tornado o meu jogo favorito como o seu antecessor, continua a ser extremamente recomendado e quase obrigatório a qualquer fã e interessado pela franquia, pelo que lhe atribuo a nota de 9.5/10.

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