Em 2018, 2 anos após o seu anúncio, o muito aguardado jogo da Insomniac Games, “Marvel’s Spider-Man”, saiu para a PS4 e rapidamente foi aclamado pela crítica e utilizadores, possuindo uma jogabilidade a misturar a agilidade e poderes da personagem titular com o combate da série Arkham de Batman, aliada a uma das melhores histórias de Spider-Man em muito tempo.
Tendo isto em conta, não foi surpresa nenhuma quando a Insomniac anunciou um título novo na primeira apresentação da nova consola da Sony, no entanto o que surpreendeu foi este anúncio não ser um “Marvel’s Spider-Man 2” mas sim um spin-off focado em Miles Morales e a sua vida como herói.
Marvel’s Spider-Man Miles Morales está disponível para PlayStation 4 e PlayStation 5 por 59.99€ (Edição Standard). Esta análise baseia-se na versão para PlayStation 5.

A narrativa deste jogo inicia-se aproximadamente um ano após os eventos do primeiro jogo, Miles agora um Spider-Man tal como Peter, depara-se com a responsabilidade de cuidar sozinho de Nova Iorque enquanto Peter vai de férias com Mary Jane.
Inexperiente e ainda algo inseguro, Miles vai-se apercebendo ao longo do jogo que tem de se diferenciar de Peter e se tornar um herói com estilo próprio que não dependa tanto de terceiros.
Embora menos focada e mais pequena que a história do jogo original gostei bastante desta iteração, Miles é não só interessante como gostei bastante de ver o seu crescimento como herói neste jogo, o facto de ter crescido num bairro e o ter de proteger, é também um grande destaque deste jogo e a execução está bastante bem conseguida. A narrativa tem alguns clichés e um vilão algo monótono, mas está bem feita e dúvido que vá desiludir os fãs da personagem.
Falando em narrativa, as missões secundárias estão mais inseridas na história principal, algumas fornecendo contexto extra ou mesmo construção de personagem adicional em vez de serem apenas extensão da longevidade do jogo.

Visualmente é simplesmente espectacular, numa PS5 são-nos apresentadas 3 opções de visuais: ‘Fidelidade’, correndo a 4K e 30fps com Ray Tracing, ‘Performance’, 4K a 60fps removendo o Ray Tracing, e por último ‘Performance RT’, este modo correndo a sensivelmente 1440p com Ray Tracing a 60fps.
Opções não faltam neste jogo e em qualquer um deles estão bem servidos. Pessoalmente joguei em Fidelidade para sentir um maior salto “Next Gen” e foi uma experiência inesquecível.
Todo o jogo é um espectáculo visual de topo, desde do Ray Tracing impressionante à qualidade dos materiais do mundo. Sim, na sua essência é um jogo que também saiu na PS4 mas em nada perde com isso e continua a ser bastante bom no que toca a visuais.

A jogabilidade é bastante semelhante à do primeiro jogo, mas a grande novidade é o poder de Bioelectricidade de Miles, com ele não só podem ser feitas coisas que Peter não conseguia, como torna o combate muito mais divertido que antes. Cada uma das habilidades de Miles está bem executada e adicionam alguma diversidade a uma fórmula que, embora boa na sua base, eventualmente iria estagnar.
Nova Iorque continua praticamente igual, sendo o grande foco deste jogo Harlem e o bairro de Miles. Apesar disso, baloiçar nas teias pela cidade continua a ser o ponto mais forte destes jogos, e agora está ainda mais divertido pois os truques que podiam ser feitos durante as quedas estão ainda mais variados e fáceis de executar que nunca. Algo que também contribuiu ao divertimento de todo este sistema foi o Dualsense, com a sua resistência dos gatilhos à medida que baloiçamos pela cidade, a implementação é algo suave em comparação a outros jogos, mas ainda assim contribui à imersão geral. Além da resistência, o Haptic Feedback do comando dá ao poder de Bioeletricidade de Miles um “peso” e impacto adicionais que o tornam bastante satisfatório. O Dualsense é um comando incrível e mal posso esperar para ver o que irá ser feito no futuro com ele.

No entanto nem tudo neste jogo é perfeito, o já mencionado conteúdo adicional foi agradável inicialmente, mas rapidamente me apercebi que sensivelmente 70% do jogo era conteúdo adicional, durando a história sensivelmente 4h e tudo o resto mais umas 10 ou 15 para ser feito o 100%, preferia talvez um jogo mais pequeno mas menos “palha” que o resultado final, especialmente quando algumas das actividades são demasiado repetitivas para o seu próprio bem.
O jogo também peca um pouco por ser um simples spin-off e não uma sequela completa, sendo parecido em demasia com o primeiro jogo e sinto que certas pessoas podem vir a ficar algo cansadas com a fórmula muito em breve.
Também encontrei alguns bugs, nada de muito impactante mas por vezes certas acções não estavam a ser reconhecidas pelo jogo e houve uma missão que tive de reiniciar algumas vezes para um objecto principal reagir como era esperado.

Como um todo, “Marvel’s Spider-Man: Miles Morales” é um spin-off muito bom e divertido, que embora semelhante ao primeiro não deixa de ser um jogo bem capaz e agradável de se jogar, especialmente sendo um dos primeiros jogos de uma nova consola como a PS5, consola essa que põe o jogo ao seu melhor nível e estou ansioso para ver o que a Insomniac Games poderá vir a fazer no futuro na sequela completa.
Por tudo isto, irei atribuir a este jogo a nota de 8.5 em 10, os seus positivos são francamente mais impactantes na experiência que os problemas e não deixa de ser um dos melhores jogos da Sony, recentemente.
Marvel’s Spider-Man: Miles Morales no OpenCritic