Análise – Stellar Blade

Anunciado em 2019 e revelado como um exclusivo PS5 em 2021 pelo estúdio Coreano ShiftUp, chega finalmente ao mercado uma nova aventura Hack and Slash que procura oferecer uma alternativa que alia a este género algumas mecânicas de outros jogos, nomeadamente dos Souls da From Software.

A narrativa começa com o esquadrão de EVE, a protagonista do jogo, a aterrar no meio de um campo de batalha, sendo que a situação rapidamente descamba e todos os membros são massacrados, levando EVE a aliar-se a um grupo de humanos sobreviventes e ajudá-los a enfrentar a ameaça comum que os aflige.

A história do jogo como um todo é algo insipida e desinspirada, servindo apenas como razão para as personagens se deslocarem para o local onde decorrem as lutas seguintes, e os diálogos entre as mesmas não são muito interessantes, acabando por parecer que o foco na narrativa foi uma ideia de última hora.

Ao nível visual o jogo tem bastante bom aspeto no geral e, acima de tudo, corre muito bem, possuindo 3 modos por onde escolher: Qualidade (4K a 30fps), Equilibrado (1440p a 60fps) e Performance (1080p a 60fps). Escolhi o Equilibrado e não me arrependi da minha escolha: tem ligeiras quebras, mas como um todo está num nível tecnicamente superior a muitos jogos desta geração no que diz respeito à fluidez.

A banda sonora composta por Hwang Joo-eun, Oliver Good e Keita Inoue é bastante boa, misturando K-Pop com os coros de um Nier Automata, algo que resulta muito bem, embora por vezes sinta que torne algumas das músicas demasiado semelhantes. Preferia um pouco mais de variedade, mas o que aqui está é bastante bom, podendo uma pequena parte da mesma ser ouvida aqui.

No que toca à jogabilidade, é bastante semelhante a outros jogos inseridos no género, contendo combates frenéticos e um sistema de parries extremamente satisfatório, que faz cada um deles bastante divertido de se executar, especialmente quando adicionamos contra-ataques que fazem EVE parecer Vergil, destruindo os inimigos num instante. Preferia, porém que as animações da personagem fossem mais rápidas, já que por vezes fazem as esquivas e os bloqueios de ataques algo frustrantes porque temos de os fazer um pouco mais cedo que o habitual.

Os confrontos com os diferentes bosses são sem dúvida onde o jogo brilha mais, ao ponto de ter achado que se o jogo se limitasse a estes embates como fez Furi teria gostado ainda mais do mesmo. Porque além de desafiantes são extremamente divertidos, sendo todos os tipos de jogadores recompensados pois todas as lutas têm diferentes mecânicas para enfraquecer os bosses, desde vários parries sucessivos a simplesmente metralhar todos os ataques mais poderosos em cima do boss. Todas as estratégias são viáveis.
Realço também o design monstruoso dos vários inimigos que são bastante bons e têm mais variedade do que esperava inicialmente.

No entanto a exploração e as zonas mais abertas deixam algo a desejar, pois além de terem demasiados colecionáveis supérfluos e desinteressantes, não oferecem grande recompensa em grande parte deles à excepção de um ou dois tipos específicos de colecionáveis que tornam EVE mais poderosa.
Os restantes limitam-se a roupas ou latas, sendo que estas últimas mais parecem product placement de marcas fictícias do que propriamente algo ligado à história e mundo.

Outra zona onde o jogo deixa a desejar é a inevitável representação de EVE e o seu corpo que muitas vezes roça o forçado e embaraçoso, principalmente quando põem o seu corpo quase colado à câmara em cenas onde isso não faz sentido como em sequências de ação onde tenta dar um sentido de urgência. Não invalida ser um bom jogo, mas torna-se algo que espero que reduzam na sequela, apesar de não ser algo com que esteja a contar.

Como já é habitual, o jogo utiliza as funcionalidades do Dualsense e são satisfatórias. Nada de novo mas fiquei contente com a implementação atual, nomeadamente o Haptic Feedback, que adiciona impacto nas cinemáticas e ajuda a adicionar peso a cada ataque nas lutas.

Em suma, Stellar Blade é um excelente jogo de ação, especialmente sendo a primeira tentativa do seu estúdio, e deixou-me bastante interessado nas melhorias que uma sequela poderá trazer. Peca bastante na representação feminina e na narrativa que é enfadonha, formulaica, e muitas vezes, sem nexo algum, pelo que atribuo ao jogo um 8/10.

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