“What is this planet?”, diz Chris Eriksen (Chandler Mantione), um rapaz de 10 anos, e o protagonista deste breve e imperfeito, mas doce episódio da saga do “Life is Strange”, que serve de prequela ao “Life is Strange 2”. A frase é bastante evocativa, juntamente com o quarto de Chris, à imaginação e inocência. Contudo, o mundo de Chris que está além do seu quarto, não é tão colorido.
A história de “The awesome adventures of Captain Spirit”, começa com o nosso protagonista, no seu quarto, a brincar num sábado. Neste episódio seguimos as suas aventuras, como o do seu alter-ego, Captain Spirit para derrotar o vil Mantroid e a sua liga de vilões. O enredo do jogo é relativamente simples, não esperem encontrar as reviravoltas pela qual o “Life is Strange” é conhecido, sendo focado sobre Chris, o seu dia-a-dia e a sua vida familiar. A narrativa procura explorar mais a situação familiar de Chris, conseguindo fazer um bom trabalho em ligar-nos à sua personagem. De uma criança que vive numa pequena vila americana e que procura preencher os seus dias com a sua imaginação e alegria. São as pequenas “tarefas” do Captain Spirit durante o percurso do jogo que nos permitem desenhar quem é o Chris e o seu pai – com que vive. Também são estas tarefas que funcionam como a jogabilidade, ou melhor, interatividade, desta narrativa, com pequenos puzzles que envolvem explorar o mundo pelos olhos de Chris. Misturando as duas realidades da sua vida, por um lado, o universo heroico do Captain Spirit, e, por outro, o seu quotidiano com um pai desolado e consumido pela mágoa. Em suma, a escrita, em geral é positiva, somente encontrando alguns problemas com a personagem de Chris em diálogos expositivos e na interação com o seu pai e a sua vizinha, Mrs. Reynolds.

Apesar do voice acting excelente de Chandler Mantione (Chris) na maioria das suas linhas, exprimindo a personagem nos seus momentos mais sombrios, como, ao encontro uma nota de um jornal sobre a mãe, até aos momentos mais alegres do seu dia, quando derrota um dos seus arqui-inimigos num combate feroz enquanto Captain Spirit. O resto do cast não consegue elevar esta história. No caso do seu pai, Evans Eriksen, e da sua vizinha, Mrs. Reynolds, tenho dificuldade em decidir se é a escrita, juntamente com falta de habilidade dos voice actors que revela a pobreza narrativa nestes momentos. Independentemente, é infeliz que a execução do voice actor do seu pai seja decente, tendo falta de emoção nas suas linhas. Não se sente o peso da dificuldade emocional que o pai tem, nem o facto de estar ébrio. Quanto à vizinha, Mrs. Reynolds, é simplesmente atroz.
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Felizmente, a banda sonora licenciada é boa – mesmo sendo curta, acrescentando bastante a esta história. “Death with Dignity” de Surfer Stevens é a composição que abre este jogo. A melodia melancólica e nostálgica adequa-se perfeitamente ao ambiente do jogo. O mesmo para o “Moon and Moon” de Bat For Lashes que entra numa sequência especial que podemos desbloquear com o Chris. Esta música em particular com uma ligação à sua mãe. Ambas presentes quando Chris está mais contemplativo contribuindo para o carácter ocioso destas sequências.
Por fim, posso afirmar que “The awesome adventures of Captain Spirit” – sendo grátis vou recusar de avaliar o mesmo – é uma aventura agradável e digna do vosso tempo. Que não é imune a alguns problemas, contudo é capaz de reflectir uma boa equipa por trás.
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