Análise – Sand Land

Escrita em 2000 pelo saudoso Akira Toriyama, Sand Land foi uma obra que sempre apreciei e quando foi anunciada uma adaptação e um jogo fiquei entusiasmado com o mesmo, tendo agora sido lançado, desenvolvido pelo estúdio ILCA, procurando dar vida a este universo num jogo de mundo aberto.

Ao nível narrativo, Sand Land não só adapta o enredo do manga que o origina como decide expandir este mundo com uma história nunca antes contada e completamente original que é do mesmo tamanho ou até mesmo maior em longevidade que a contada pelo manga original. Este jogo segue as aventuras de Beelzebub, um pequeno demónio que se alia a um xerife humano, Rao, com o objetivo de restaurar a água no mundo desértico de Sand Land, levando-os a imensas peripécias que os veem a chocar diretamente com o exército.

Além disso, temos também a adição do mundo de Forest Land, que introduz imensas personagens novas e no geral adorei esta nova adição, não só a narrativa encaixa na perfeição com o que veio atrás como conclui a história deste universo de uma forma bastante bonita e agradável.

Visualmente, o jogo é simplesmente fenomenal, dando vida ao estilo de Akira Toriyama de uma forma exímia, tendo cada personagem um nível de detalhe impressionante nas cinemáticas.
No entanto, nem tudo é perfeito, o jogo na sua versão PC está infestado de stuttering constante, por vezes parando a imagem por 2 segundos ou mais nas cenas mais intensas, algo que afeta bastante nos combates mais frenéticos e me arruinou um pouco o divertimento porque se tornava cansativo estar constantemente com pequenas quebras na imagem e não encontrar forma de as colmatar.

Ao que à jogabilidade diz respeito este jogo consiste num mundo aberto em que construímos e pilotamos vários tipos de veículo, cada um deles com o seu propósito específico, algo que de início gostei imenso, mas à medida que progredi começou a ficar cansativo, não só porque muitos dos veículos não são muito úteis, como pelo facto de terem requisitos obscenos de materiais e recursos para melhorar cada um deles, arruinando completamente este sistema para mim pois acabava por perder uma hora ou mais a procurar materiais (os quais nem podemos rastrear em muitos casos para sabermos onde os encontrar), pelo que me foquei em apenas 2 dos vários veículos disponíveis para preservar a minha própria sanidade.

No entanto devo admitir que o combate entre veículos é bastante divertido, embora frustrante no que diz respeito à colisão, muitas vezes dei por mim a perder imensa vida com ataques que claramente não me estavam a acertar, o que fez certas lutas irritantes e algo dependentes de sorte.

O combate a pé é, por outro lado bastante simplista e sofre os mesmos problemas de colisão, no entanto até gostei das lutas que o jogo apresenta nestes cenários, sendo divertido utilizar o leque de ataques de Beelzebub contra alguns destes inimigos, especialmente contra grupos de número considerável.

Porém, onde o jogo peca mesmo é na sua exploração e recompensa pela mesma, num jogo com um mundo tão vasto e interessante, não só muitos dos locais e colecionáveis são supérfluos como as suas recompensas são bastante risíveis, por exemplo se nós encontrarmos um inimigo vários níveis acima, não ganhamos XP, não, o que ganhamos é apenas dinheiro, algo que me fez rapidamente desistir de procurar conflitos contra estes inimigos poderosos, fazendo este mundo ser bastante aborrecido pois acaba por levar o jogador a focar-se somente na narrativa, o que não podia ser um problema mas num jogo com um foco tão grande na personalização de veículos e coleção de materiais, dei por mim muitas vezes entediado porque vi a minha progressão narrativa bloqueada por materiais que me faltavam para construir um certo tipo de veículo.
As missões secundárias padecem do mesmo problema, pois embora algumas sejam incríveis, com uma narrativa emocionante e surpreendente, as recompensas pelas mesmas são muitas vezes tão pequenas que o jogador fica com a sensação de as ter feito para nada.

Em suma, Sand Land tinha tudo para ser um tributo de sonho ao legado de Akira Toriyama, mas no fim acaba por ser apenas mais um jogo de mundo aberto que pouco ou nada faz para agarrar a atenção do jogador tempo suficiente para experienciar uma narrativa bastante interessante e divertida, pelo que lhe atribuo um 6/10.

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