Análise – Xenoblade Chronicles 3 (Switch)

Xenoblade Chronicles”, uma das já icónicas séries do género RPG regressa após 5 anos com um novo jogo, procurando ser uma junção de elementos dos 2 jogos numerados anteriores.

Xenoblade Chronicles 3” passa-se em Aionios, um misterioso mundo onde 2 fações se encontram numa guerra eterna, Keves (com semelhanças aos habitantes de Bionis do primeiro jogo) e Agnus (com semelhanças aos habitantes de Alrest do segundo), incitada pelas rainhas dos 2 reinos e é nestes reinos que se encontram os heróis desta aventura, que rapidamente se apercebem que algo de errado se passa no seu mundo e juntos terão de ultrapassar as suas diferenças e trabalhar em conjunto para perceber toda a verdade de Aionios.

No geral a história é boa, tendo um excelente elenco de personagens, dos melhores no género, com personagens inteligentes e com uma química sensacional entre si, trazidas à vida com um brilhante trabalho de voz, dos quais destaco Harry McEntire no papel de Noah e Kitty Archer no papel de Eunie.
Pecando, no entanto ao nível dos vilões, que são francamente horríveis, passando o jogo inteiro como “carne para canhão” genérica e sem grandes motivações tirando 2 deles, o que num total maior de 20 é bastante pobre, sendo sem dúvida o quesito em que o jogo mais peca e sinto que faz a história ficar aquém da do primeiro jogo.
Outro ponto onde a história fraqueja é nas conexões aos anteriores, o que é algo bizarro dado o contexto do jogo e todo o “marketing” publicado em seu redor, se tirassem as pequenas referências e assim sinto que a diferença seria muito pequena.

Ao nível visual, “Xenoblade Chronicles 3” é um misto, estando algo limitado por se encontrar na Switch e não numa consola mais poderosa, apresentando uma excelente direção artística e modelos das personagens muito bem realizados (em especial os seus olhos) mas a sua baixa resolução e quebras de fluidez não favorecem a qualidade visual.
Ao nível dos cenários que visitamos em todo o jogo fiquei algo desiludido, tirando raras exceções não têm a criatividade dos anteriores jogos na franquia e acabam por ser algo aborrecidos visualmente, em especial as áreas iniciais que são bastante limitadas a campos desolados e zonas mais desérticas, fazendo sentido sendo este um mundo em guerra constante mas podia ter sido melhor efetuado, porque as áreas que se destacam são absolutamente deslumbrantes.

A banda sonora, composta por Yasunori Mitsuda é algo divisiva para mim, por um lado tem temas incríveis como “A Life Sent On”, mas a grande maioria dos temas aposta numa direção mais ambiente e subtil como a banda sonora de “The Legend of Zelda: Breath of the Wild”, algo que não sendo inerentemente mau não me apela tanto como as bandas sonoras mais bombásticas e ricas em coros dos jogos anteriores, ainda assim recomendo toda a gente a dar uma chance pois poderá ser ainda melhor que os anteriores para outra pessoa.

Ao nível da jogabilidade, é onde este jogo realmente brilha, possuindo, o que considero até hoje o melhor sistema de combate num RPG, juntando todas as melhores partes dos seus predecessores, o que resulta num combate altamente focado em posicionamento e gestão da restante equipa, em especial agora que temos controlo sobre 6 personagens e uma extra controlada pela IA.
Além disso existe agora também um sistema de classes, que permite à nossa personagem não só mudar o seu papel na batalha (“Attacker”, “Defender”, “Healer”) como também as suas artes e habilidades, trazendo uma versatilidade adicional inédita em títulos desta série, porém este sistema tem alguns problemas difíceis de ignorar, nomeadamente o tempo gasto para maximizar estas classes e até mesmo desbloqueá-las, sendo necessário um “grind” algo intensivo por vezes para desbloquear e maximizar a classe que queremos numa certa personagem. É sem dúvida um passo na direção certa, mas espero que minimizem o trabalho necessário para cada classe, porque acaba por tirar a vontade de explorar e experimentar em detalhe todo este sistema.

De regresso estão também os já icónicos “Chain Attacks”, que continuam satisfatórios como tudo de se efetuar e vermos a barra de vida do inimigo desaparecer em meros segundos, especialmente agora com a introdução de “Fusion Arts” que nos permitem juntar os efeitos de duas artes (uma de Keves e outra de Agnus) em simultâneo, o que pode ter efeitos bastante engraçados e satisfatórios, sendo um sistema algo afetado pelo problema já mencionado das classes, pois sem avançarmos numa certa classe não temos acesso à arte para fundir com outra, acabando por ser bastante chato quando queremos juntar 2 artes especificas, por exemplo uma que interrompe o inimigo e outra que lhe diminui o ataque para acumular ambos os efeitos, algo que não é possível sem aumentar o nível da respectiva classe de cada arte.
Embora sinta que as animações dos “Chain Attacks” podiam ter opção para avançar mais rápido ou passar completamente à frente porque elas nunca mudam e ao fim de centenas de horas já não têm aquele efeito de entusiasmo inicial.

A exploração, algo quase tão importante como o combate nesta série, é excelente e cada região tem imensos segredos para descobrir, havendo locais tão obscuros que mesmo ao fim de 170 horas de jogo cheguei a deixar algumas áreas por descobrir, embora tenha feito todas as missões opcionais, que ao contrário dos anteriores jogos onde eram aborrecidas e sem grande valor, aqui são bastante boas, não só sentindo-se uma maior riqueza ao nível de conteúdo como muitas vezes melhoram ainda mais este excelente elenco de personagens que o jogo possui, sendo as suas interações sempre um deleite de se observar.

No entanto, toda esta exploração leva a um dos maiores problemas do jogo, “Overleveling”, o que é algo absurdo pois tanto o remake do primeiro jogo como o segundo permitiam-nos escolher o nosso nível e abordar cada luta da forma que quiséssemos, mas aqui estamos completamente restritos a aumentar apenas, o que quer dizer que mesmo que não mexamos nesse aumento opcional, não podemos reduzir o nosso nível, então por vezes ao fazer o conteúdo adicional cheguei a ficar 25 níveis acima do recomendado, tirando qualquer desafio mesmo na maior dificuldade.

Em suma, “Xenoblade Chronicles 3” é mais uma excelente aventura da Monolith Soft, que embora não o considere ao nível do primeiro jogo da franquia será um jogo que tão cedo não me irei esquecer, pelo que lhe atribuo a nota de 8.5/10.

Xenoblade Chronicles 3 no OpenCritic

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