Em antecipação a Exodus, Metro Last Light

Na E3 de 2017, a 4A Games e a Deep Silver surpreenderam-nos ao anunciarem a continuação da série Metro, com a terceira entrada, Exodus, planeada para 2019. Joguei o primeiro, Metro 2033, quando saiu e não guardei muitas memórias, apenas alguns flashbacks de momentos mais memoráveis. No entanto, graças à generosidade do tio Gaben nas steam sales (apesar de os preços terem aumentado), aproveitei o bundle que incluía os dois jogos, 2033 Last Light Redux. 


Para propósitos deste artigo, vamos discutir apenas Metro Last Light. Joguei a versão Redux no PC.


Last Light retoma a história um ano depois do eventos de Metro 2033, colocando-nos novamente na perspectiva de Artyom, um jovem cuja vida na superfície foi roubada pela guerra nuclear e que, tal como todos os habitantes do Metro, luta pela sobrevivência no subterrâneo de Moscovo. Porém, as alianças alteram-se e um novo inimigo, mais perigoso que qualquer mutante, surge do interior dos sobreviventes. Em Last Light, a humanidade luta agora contra os resquícios do seu passado. A descoberta de D6, uma base militar que prometia a salvação, estando repleta de recursos que poderiam sustentar o Metro, levou a uma luta de conflitos entre as diferentes facções. Enfrentam-se o Reich, encarnação da Alemanha nazi; os Reds, entusiastas do passado da URSS e a Ordem (ou Order), a facção constituída pelos rangers, a qual Artyom pertence, que estão estabelecidos no D6 e que juram proteger o Metro contra qualquer ameaça.

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A narrativa inverte os papéis do jogo anterior. Já haviam sinais disso em 2033, levando Artyom a questionar a violência entre sobreviventes, porém, em Last Light, a desarmonia entre os fragmentos da humanidade toma o papel central. Igualmente, os que se tomavam como inimigos, revelam-se agora como aliados indispensáveis na luta de Artyom.

O enredo desenrola-se de uma forma simples, mas satisfatória, não pretende ser complexo ou inovador, é uma obra de reflexão sobre a condição humana com o apocalipse nuclear como pano de fundo. Os pequenos fragmentos do diário de Artyom que encontramos ao longo dos níveis vão complementando as suas reflexões e revelam alguns pormenores do mundo. Os personagens são algo simples, mas servem o seu propósito. Não sei se é por hábito ou por efectiva melhoria, mas ao contrário do primeiro jogo, o voice acting tornou-se muito mais aprazível, apesar do sotaque russo da versão inglesa torna-se rapidamente cansativo (seria melhor se a versão russa tivesse suporte de subtítulos adicionais, não só os da narrativa principal).

Os ambientes subterrâneos são familiares aos de 2033As estações que visitamos estão cheias de vida, aproximando-se mais daquilo que seria a civilização antes da catástrofe nuclear. A estação Theatre mantem viva a tradição do treato Bolshoi e Venice replica uma cidade mercantil nos confins do metro. Os pequenos diálogos que podemos escutar enquanto passamos pelas pessoas, relembram-nos que fora da violência dos túneis ainda há pessoas que levam – ou tentam – uma vida normal. Na superfície, os ambientes alteram-se, a dureza do inverno nuclear que se sobrepunha sobre a cidade de Moscovo, dá lugar a novos ambientes, surgindo vegetação e uma clareza que não estava presente em 2033, estando como um período de transição entre este primeiro e as paisagens mais naturais que vimos no trailer de Exodus. Complementados, evidentemente, pela beleza gráfica do 4A Engine. Deixo apenas uma pequena nota à banda sonora, que apesar de complementar perfeitamente o ambiente pós-apocaliptico, perde a sua beleza fora do jogo, à excepção de um outro tema.

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Como um shooter, o jogo não revela mecânicas muito complexas. Temos três armas sempre disponíveis que podemos ir trocando, ou em lojas, ou pelas que encontramos nos níveis. Há um misto agradável de variedade nas armas disponíveis, tendo igualmente arsenal pré-nuclear, mas também armas improvisadas, que fortalecem o sentimento de perseverança humana para sobreviver. Estas armas podem ser melhoradas, com upgrades que compramos na loja em troca de balas (a unidade monetária do Metro), como miras, silenciadores, canos adicionais nas caçadeiras, etc. O shooting é funcional, não difere em nada do shooter habitual, mas pode ser algo frustrante contra alguns mutantes que parecem desaparecer, quando atacam o jogador. O que difere o Last Light do seu antecessor neste aspecto, é uma série de boss fights (são três no total), que se resumem a correr e disparar, com a excepção de uma que consiste em correr, esperar, disparar (pouco diferente do resto do jogo).

As mecânicas stealth são talvez as mais agradáveis do jogo. Os níveis que o permitem, são premiados de um bom design, deixando uma sensação de satisfação mais favorável do que o run n’ gun tradicional que compõe a outra parte do jogo. Um relógio que temos no pulso esquerdo brilha com uma luz azul quando podemos ser detectados e é possível remover fontes de luz para passar despercebido. Executa-se de uma maneira bastante simples, observar as rotinas dos inimigos, desligar luzes, mas no final acaba por ser extremamente satisfatório.

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O uso de máscaras de gás em certas localizações irradiadas, obrigatoriamente no exterior, servem como elemento essencial do survival, apesar de não ser muito castigador. Fora um momento scripted, nunca estive sequer minimamente preocupado com o número de minutos de ar que ainda tinha. Por outro lado, jogando no modo Survival, a quantidade de kits de primeiro socorros (o item para regenerar vida) era adequada para o nível de dificuldade. Nunca era frustrante (sempre que me encontrava sem kits, era por culpa minha, não do jogo) e muitas vezes, a visão torvada que toma conta do ecrã quando estamos prestes a morrer, acentuava a urgência de sobreviver.

A versão Redux, que saiu em 2014, um ano após a versão original, ajudou a conservar a qualidade do jogo, mesmo após quatro anos. Sendo assim, o pacote completo ainda é impressionante em 2018, e, continua a ser uma experiência obrigatória antes de jogarem Exodus. Lentamente, a série optou por sair dos ambientes sufocantes do Metro, fugindo para o inverno nuclear russo, encontrando já semelhanças entre o que vimos em Exodus e em Last Light.

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