O quão relevante é o Cross-Play?

Com a recente controvérsia em volta da Sony restringir as contas da Epic Games à PS4, impedindo os jogadores com uma Switch de jogar Fortnite na plataforma da Nintendo, tem ressurgido um tema já discutido inúmeras vezes ao longo dos últimos anos, o cross-platform play – que apesar de não ser o ponto vital do problema das contas da Epic Games, derivou deste – e se deveria ser o padrão nos jogos, hoje em dia.

XBOX_SWITCH

De facto já é possível em alguns jogos, a Microsoft e a Nintendo andam a publicitar o cross-play no Minecraft entre as duas consolas, e é sabido que jogos como o Final Fantasy XIV, Street Fighter V e Rocket League suportam cross-platform play entre PC e PlayStation 4. Aliás, a existência de cross-play entre plataformas pode ser datado até à era da PlayStation 2 no Final Fantasy XI Online onde os jogadores da PS2 podiam jogar com os do PC e Xbox 360. Actualmente não existe a mesma relação entre a Sony e a Microsoft, embora recentemente a Microsoft tenha demonstrado interesse em tornar o cross-play universal uma realidade, a empresa nipónica não vê beneficio em permitir os jogadores da Xbox ou Nintendo interagir com os da PlayStation e PC, o que tem causado revolta por parte de muitos jogadores.

Com tanta discussão nos grupos online a pergunta que mais se impõe é: O quão importante é o cross-play, e, é necessário nos dias correntes?

John Smedley, o antigo presidente da Sony Online Entertainment, afirmou no twitter dele que a principal razão por detrás da Sony recusar o cross-play é dinheiro, pois não gostam de algo que tenha sido comprado na Xbox seja usado na PlayStation. O tweet foi entretanto apagado, segue-se uma citação:

btw when I was at Sony, the stated reason internally for this was money. They didn’t like someone buying something on an Xbox and it being used on a Playstation. simple as that. dumb reason, but there it is.” – John Smedley (@j_smedley)

É uma razão previsível, actualmente a Sony e a Steam possuem as maiores comunidades de jogadores online, a Sony já vendeu por volta de 80 milhões de PS4’s, muito possivelmente o dobro de vendas da Xbox One, que deve rondar os 40 milhões de unidades vendidas, e obviamente mais unidades vendidas que a Switch, que saiu no ano passado. Por isso, sendo a consola mais popular, a Sony atrai ainda mais consumidores para a sua plataforma. Muitos jogadores escolhem a consola que querem comprar com base na consola que os seus amigos possuem, para poder jogarem com eles online. Outra forma em que a Sony lucra com isso é com as vendas de jogos na PSN – já que a Sony recebe uma certa percentagem das vendas de jogos na sua loja – e com as vendas do PS Plus. Portanto, com cada unidade vendida a Sony lucra muito para além da consola.

Do ponto de vista do consumidor e de pequenas produtoras de jogos é o oposto, não existe praticamente nenhum malefício na habilidade de jogar com jogadores de outras plataformas. Não só o consumidor tem mais liberdade no momento em que escolhe a sua consola de preferência, já que independentemente das consolas que os seus colegas possuam este poderá jogar com eles (desde que os jogos que pretendam jogar estejam disponíveis nessas consolas); como pode usar a mesma conta em várias plataformas (se cloud save e características semelhantes forem disponibilizadas). Por exemplo, quem joga na PS4 em casa pode jogar na Switch onde quiser sem perder o progresso feito na consola da Sony. Apesar de haver alguns consumidores que argumentam contra o cross-play com o facto dos jogadores de PC terem uma vantagem injusta em shooters, graças ao rato e teclado, isto é facilmente resolvido se, como o Fortnite, os jogos suportarem o rato e teclado comum. Existem também combos rato + teclado que emulam o comando nas consolas, mas isso são alternativas mais caras, pois esses periféricos são vendidos acima dos 100€, será certamente mais amigável a opção anterior.

O cross-platform play é igualmente benéfico para os jogos mais nicho, visto que em vez da comunidade estar dividida entre as várias plataformas onde o jogo está disponível, podem formar uma maior comunidade em conjunto. Com mais jogadores diminui-se o tempo de espera para encontrar partidas online, o que por si aumenta o interesse no jogo, o seu tempo de vida, e presumivelmente, o lucro ganho pela produtora do jogo em vendas e/ou micro-transacções.

Compreende-se a resistência da Sony para com os fãs que pedem cross-play, afinal o foco de qualquer empresa é lucrar, e a Sony vê perdas em conceder a habilidade de jogar em conjunto entre plataformas diferentes. Porém, essa liberdade é um ponto positivo tanto para o consumidor como para os jogos e produtoras menos populares, não só seria favorável para ambos no futuro como, quem sabe, melhoraria a imagem da Sony face aos jogadores.

Como jogador que possui várias plataformas atuais sou a favor do cross-play entre todas elas. É mais saudável para a indústria deixar as rivalidades de parte e unir os jogadores de multi-plataformas universalmente. Espero que mais consumidores e produtoras se juntem à actual campanha da Microsoft e Nintendo, e que no futuro, a Sony e as outras empresas rendam-se a esta ideia, e se torne uma realidade.


E vocês, estão a favor ou contra o cross-play? Porquê?

One thought on “O quão relevante é o Cross-Play?

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